XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

GASTRECTOMIA TOTAL DEVIDO A FÍSTULA DO ÂNGULO DE HIS REFRATÁRIA PÓS SLEEVE: RELATO DE CASO

Resumo

Caso: Paciente feminina, 38 anos, encaminhada ao serviço de cirurgia bariátrica devido a obesidade grau III (IMC 51), sem outras comorbidades. Foi submetida a sleeve por via laparoscópica, contudo, durante o intraoperatório apresentou sangramento importante, sendo convertida para cirurgia aberta. No pós operatório evoluiu com dor abdominal, febre e aumento do débito de dreno, sendo realizada reabordagem cirúrgica, contudo, com local bloqueado, iniciou tratamento por vacoterapia, sem sucesso, sendo realizada aposição de prótese com sonda nasoenteral por endoscopia. Após um mês, apresentou nova piora da dor associada a quadro febril, sendo internada, onde realizou tomografia de abdome que mostrou abcessos esplênicos e iniciado antibioticoterapia por 15 dias. Durante a internação, realizou septotomia com plasma de argônio e dilatação com balão, contudo, sem sucesso na segunda sessão. Realizou endoscopia digestiva que mostrou fístula complexa pós gastrectomia vertical, esofagograma confirmou a presença de trajeto fistuloso na junção esofagogástrica. Após sete meses, apresentou novo episódio de infecção do trajeto fistuloso tratado com esquema de antibioticoterapia por 10 dias. Permaneceu em seguimento com queixa de dor abdominal pós prandial associada a náuseas e vômitos. Devido a refratariedade dos sintomas, paciente foi submetida a gastrectomia total, sem intercorrências. Mantém seguimento em serviço de cirurgia digestiva após 5 meses da cirurgia, sem queixas clínicas. Discussão: As fístulas gástricas são a segunda principal causa de morte em pacientes submetidos a cirurgia bariátrica. A incidência dessa complicação varia entre 0,5 a 8,0%. A localização das fístulas ocorre principalmente no terço proximal (71-100%), por ser uma área mais sujeita a isquemia e maiores gradientes de pressão, comprometendo a linha de sutura. Seu manejo inclui medidas clínicas, endoscópicas e cirúrgicas. A colocação de prótese endoscópica visa diminuir a pressão intragástrica, remodelar o estômago e isolar o orifício de extravasamento, bloqueando a perpetuação do processo inflamatório/infeccioso, com uma taxa de sucesso de 87,7%. O tratamento cirúrgico é complementar e indicado apenas nas situações em que o controle endoscópico não foi efetivo. Comentários finais: o caso relatado aborda uma importante complicação pós cirurgia bariátrica e o manejo adequado de acordo com a resposta às principais medidas disponíveis no tratamento de fístulas gástricas.

Área

Cirurgia - Obesidade

Autores

Renan Bezerra de Oliveira, Carlos Eduardo Lopes Soares, Tarso Buaiz Pereira Martins, Juarez Jucá de Queiroz Neto, Daniel Tomich Netto Guterres Soares, João Odilo Gonçalves Pinto, Leonardo Adolpho de Sá Sales, Fernando Antonio Siqueira Pinheiro