Dados do Trabalho

Título

Hepatite fulminante por chá de Ayahuasca, um relato de caso.

Resumo

APRESENTAÇÃO DO CASO: VPM, sexo feminino, 42 anos, abriu quadro de fadiga, fraqueza, icterícia e queda do estado geral em abril de 2022. Com 45 dias do início dos sintomas, foi internada por elevação de enzimas hepáticas: TGO 578 (VR:1-32), TGP 737 (VR:1-33), FA 239 (VR:35-105), GGT 550 (VR:1-40), BT 9,8 (VR:0-1), BD 6,8(VR:0-0,3), INR 3 (VR: 0,8-1,0), albumina 3,3 (VR:3,5-5,2). Apresentou encefalopatia hepática durante a internação, evoluiu com rebaixamento de nível de consciência e necessidade de intubação orotraqueal e ventilação mecânica. Feito diagnóstico de hepatite fulminante, foi transferida para o Hospital de Base em 01 de junho de 2022 e recebeu transplante hepático em 02 de junho. A biópsia hepática mostrou hepatite aguda com extensa necrose maciça e submaciça do parênquima em todos os seguimentos hepáticos, de padrão compatível com etiologia tóxico-medicamentoso. Permaneceu internada por 37 dias com evolução favorável. DISCUSSÃO: O chá de ayahuasca é composto pela associada de cipó de Banisteriopsis caapi e folhas do arbusto Psychotria viridis, que são cozidos juntos para formação da bebida. O alcaloide N-demitiltrptamina (DMT), que é o princípio ativo da folha de ayahuasca, após a neutralização da enzima monoamina oxidase (MAO), têm efeitos alucinógenos por agir na sinapse serotoninérgica do sistema de recompensa e, por isso, gera alterações de pensamentos, emoções e percepções. Do ponto de vista hepático, a depender de dose e tempo de uso, é hepatotóxico. COMENTÁRIOS FINAIS: O caso relatado e publicações da literatura trazem à luz a discussão dos efeitos hepatotóxicos graves gerados por composto de ervas, que é popularmente conhecido como medicinal, e suas consequências maléficas, em especial ao fígado.