Dados do Trabalho
Título
Síndrome do intestino curto secundário à isquemia mesentérica por hérnia interna em gestante: relato de caso
Resumo
Apresentação do caso: gestante, 37 anos, 30 semanas de idade gestacional, cirurgia bariátrica prévia, com dor abdominal difusa, liberada após avaliação obstétrica, com exames clínico e laboratorial sem achados. Após 3 semanas e diversas idas ao pronto atendimento, apresenta-se com piora do quadro, associado a taquicardia, náuseas e vômitos. Solicitada avaliação da cirurgia geral. Aventada hipótese de abdome agudo e na ausência de ressonância nuclear magnética, avaliado risco x benefício e solicitada radiografia rotina de abdome agudo, sem evidências de pneumoperitônio. Paciente evolui com hematêmese, sendo encaminhada para endoscopia digestiva alta, que mostrou presença de isquemia intestinal. Submetida então à laparotomia exploradora, com achado de extensa isquemia mesentérica, por hérnia interna. Realizada cesariana, seguida de enterectomia, permanecendo em peritoniostomia, com 70cm de intestino delgado. Revisão em 48 horas, para fechamento de cavidade. Após 45 dias, com estabilização do quadro e suporte nutricional adequado, paciente recebe alta, em tratamento para trombose venosa profunda e encaminhamento para ambulatório de intestino curto, sem intercorrências.
Discussão do caso: a isquemia mesentérica é uma patologia onde ocorre a interrupção do fluxo sanguíneo intestinal, secundária a embolia, trombose ou estado de baixo fluxo. Sintomas inespecíficos, como dor abdominal, náuseas, vômitos tornam seu diagnóstico desafiador. Exames como angiografia e tomografia computadorizada com contraste auxiliam na investigação do caso, porém em pacientes gestantes devem ser evitados. O tratamento se dá por revascularização ou ressecção cirúrgica, que pode ser pequena ou extensa, levando o paciente à síndrome do intestino curto, quando há ressecção de mais de 2/3 de alça intestinal, associada a distúrbios nutricionais. A incidência das hérnias internas no bypass gástrico pode chegar a 10% e geralmente ocorre pela existência de uma brecha mesentérica não rafiada no intraoperatório, como no caso apresentado.
Considerações finais: a isquemia mesentérica é uma condição grave, comumente manifestada com sintomas inespecíficos, resultando em diagnóstico e abordagem em estágios avançados, justificando altas taxas de mortalidade, que chegam a mais de 60% dos casos. Um quadro de dor abdominal importante, de caráter progressivo, com exame físico incompatível deve levantar a hipótese de um abdome agudo vascular isquêmico, com maiores investigações.
Área
Cirurgia - Intestinos
Autores
Beatriz Dias Rosa, Géssica Ribeiro Borges, Viviane Vasconcelos Tajra Mendes, Danielle Giorgenon Di Bonifacio, Eduardo De Barros Correia, Paulo Roberto Fontes Mega