XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

METÁSTASE CARDÍACA POR DISSEMINAÇÃO HEMATOGÊNICA DE CARCINOMA HEPATOCELULAR – RELATO DE CASO

Resumo

APRESENTAÇÃO DO CASO: Mulher, 63 anos, hipertensa, diabética, portadora de doença hepática crônica por esteato-hepatite não alcoólica, iniciou quadro há 6 meses de melena, distensão abdominal, dor em hipocôndrio direito e perda de 20kg. Endoscopia mostrou varizes esofágicas de médio calibre, sendo realizada ligadura elástica. Ultrassonografia de abdome com nodulações ecogênicas em fígado próximas à confluência das veias hepáticas. Sorologias para hepatites virais negativas, transaminases abaixo de 2 vezes o limite superior da normalidade e níveis séricos de alfafetoproteína (AFP) >2000 ng/ml. Tomografia com sinais de hepatopatia crônica avançada, com fígado de aspecto cirrótico, nódulos hepáticos mal delimitados, com realce heterogêneo pelo contraste, sendo o maior de 7,2 x 6,0 cm, e invasão de veia cava inferior com extensão para câmara cardíaca por massa de origem hepática, além de nódulos pulmonares metastáticos. Ecocardiograma contrastado com hexafluoreto de enxofre identificou massa sugestiva de lesão tumoral em átrio direito, medindo 5,0 x 2,8 cm, originando-se em veia cava inferior. A paciente seguiu com deterioração clínica progressiva, sendo optado por paliação exclusiva, evoluindo para óbito após 18 dias. DISCUSSÃO: Carcinoma hepatocelular (CHC) é a neoplasia primária mais comum do fígado, tendo como fator de risco a cirrose hepática de diversas etiologias. O diagnóstico dispensa estudo histopatológico quando cumpre critérios específicos em cirróticos, como lesão nodular maior que 2 cm hipervascular com wash-out ou dosagem sérica de AFP >200 ng⁄ml. Extensão extra-hepática pode ocorrer em até 18% dos casos, sendo mais comuns em pulmão, linfonodos, suprarrenais e ossos. A disseminação geralmente é hematogênica, podendo haver invasão direta do sistema porta, chegando à veia cava inferior e em raros casos (1%-5%) câmaras cardíacas. A presença de metástase intracardíaca pode deflagrar sintomas de insuficiência cardíaca ou ser assintomática, apresentando sobrevida média de 4 a 7 meses. Invasão de vasos hepáticos, apresentação multinodular da neoplasia e estadiamento TNM em estágio IVa deflagram maior risco para invasão cardíaca. Nesses casos, as medidas paliativas tendem a ser a principal escolha pelo grau avançado do tumor. COMENTÁRIOS FINAIS: A disseminação hematogênica do CHC pode, em raros casos, se estender até câmaras cardíacas, por contiguidade ou por invasão do sistema porta, sendo um marcador de mau prognóstico e de sobrevida reduzida.

Área

Gastroenterologia - Fígado

Autores

Giovanna Carvalho Fernandes Figueirêdo, Ícaro César Soares De Menezes, Lucca Joaquim Novaes Alpes, Julia Vanessa de Mendonça Uchoa, Leila Maria Beltrão Pereira, Gustavo Henrique De Lima Guerra, Osvaldo Carlos Rodrigues Junior, Pedro Alves Da Cruz Gouveia