XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

COLANGITE ESCLEROSANTE SECUNDÁRIA PÓS COVID-19 GRAVE EM PACIENTE COM ESTEATOSE

Resumo

Apresentação: Homem, 65 anos, portador de DM2, HAS, obesidade e SAHOS. Internação em março/2021 por COVID grave, com necessidade de ventilação mecânica e hemodiálise. Apresentou alteração de marcadores canaliculares (FA 586; G-GT 3269) e transaminases (TGO112; TGP264). Investigação com sorologias virais e auto-imunes negativas, colangiorressonacia e RNM de abdome superior mostrando colelitiase, sem sinais de hepatopatia e sem dilatação das vias biliares, alta em maio/21. Encaminhado para avaliação com cirurgião para colecistectomia, sendo realizada em julho/21 no perioperatório verificado fígado com esteatose leve, realizada biópsia hepática que demonstrou colangite crônica e aguda intra-hepática com proliferação ductular e expansão fibrótica de espaços-porta. Paciente retorna ao hospital em julho/22 por vômitos e desconforto abdominal, mantinha alterações de FA 272 e G-GT 1781, nova colangioRNM de abdome com dismorfismo hepático compatível com hepatopatia crônica, inexistente em RNM de abril/2021 e discreta dilatação das vias biliares periféricas, especialmente no segmento IV, não se excluindo possibilidade de colangite primaria ou secundária, indo ao encontro do resultado da biopsia. Paciente evoluiu com melhora sintomática, recebendo alta em 03/08/2022 para acompanhamento ambulatorial. Discussão: Pacientes com COVID-19 podem apresentar alterações de bioquímica hepática em torno de 14-53%, em geral alterações leves, transitórias e correlacionada com a gravidade da doença. Nos casos graves, pode ocorrer elevações persistentes de marcadores colestáticos e progressiva falência hepática, além do desenvolvimento de colangite esclerosante secundária após COVID grave, principalmente em paciente com hepatopatia previa, com alguns casos evoluindo para transplante hepático. Potenciais mecanismos de danos pelo SARS-CoV-2 através da via biliar expressa ECA2 e RNA do vírus encontradas no citoplasma de hepatócitos nas biopsias, além da associação com estados pró-inflamatórios, coagulopatia, DILI (Cetamina), hipoxemia e congestão cardíaca. Diagnóstico através de RNM ou CPRE com alterações típicas de colangite esclerosante. Quanto ao tratamento , o uso de ácido ursodesóxicólico, não há evidencia de efeito terapêutico. Comentários finais: Descrevemos um caso de colangite esclerosante secundária após COVID-19 grave em paciente com esteatose, ainda sem prevalência estabelecida, na atualidade, porém um importante diagnóstico diferencial em paciente pós COVID-19.

Área

Endoscopia - Miscelânea

Autores

Tamires Tibola de Mattos, Mariana Crespo Pires , Guilherme Becker Sander, Luciana Cardoso Ferrugem , Suelen Aparecida da Silva Miozzo, Fernando Comunello Schacher, Ennio Paulo Calearo da Costa Rocha, Gabriel Guinsburg Barlem, Henrique Rolim Severo