Dados do Trabalho
Título
Relato de caso: tumor fibroso solitário
Resumo
Paciente masculino, 54 anos, com um mês de história de massa endurecida em hipogástrio, e há um dia com dor em andar inferior de abdome e constipação intestinal, sem outros sintomas associados ou perda ponderal. Encaminhado para investigação diagnóstica, realizou tomografia de abdome total evidenciando volumosa massa peritoneal heterogênea, com epicentro em região supravesical, entre a bexiga, a próstata e as vesículas seminais, com aparente plano de clivagem com estruturas adjacentes, e volume estimado de cerca de 1000 cm3. Os achados foram semelhantes na ressonância magnética de pelve e os marcadores tumorais eram negativos. Indicado laparotomia exploradora para exérese do tumor peritoneal pélvico, que não estava aderido a outras estruturas. A análise anatomo-patológica associada ao estudo imuno-histoquímico resultaram característicos de Tumor Fibroso Solitário e as margens cirúrgicas estavam livres de lesão. O paciente recebeu alta no 2° dia de pós-operatório, encaminhado para seguimento com a Oncologia, não sendo indicado tratamento adjuvante.
O Tumor Fibroso Solitário se trata de uma neoplasia de células mesenquimais, acometendo com maior frequência a pleura, podendo ter origem em estruturas intra-abdominais. Geralmente são assintomáticos, sendo achados incidentais em exames de imagem, mas podem causar sintomas compressivos por efeito de massa ou hipoglicemia. Os exames de imagem como a TC e a RM são utilizados para identificar a presença da lesão, bem como delimitar a relação com estruturas adjacentes e possibilidade de invasão, porém não permitem definir a etiologia do tumor. Entre os diagnósticos diferenciais incluem-se GIST, tumor desmoide, linfoma, leiomioma, sarcoma e metástases. O diagnóstico é confirmado pela análise anatomo-patológico, apresentando células fusiformes com pleomorfismos variados, entremeadas por colágeno, dispostas sem padrão arquitetural definido, e com vasos de paredes finas e dilatados, associado ao estudo imuno-histoquímico, com positividade para os marcadores específicos CD34 e STAT6. O tratamento consiste na ressecção de toda a lesão, com indicação de seguimento por longo prazo, devido a possibilidade de recorrência local por muitos anos após a cirurgia. O potencial metastático desse tumor é baixo.
Por ser uma patologia pouco comum e de difícil diagnóstico pré-operatório, seu conhecimento é importante devido ao diagnóstico diferencial com outras neoplasias malignas, o que influencia na adequada decisão terapêutica.
Área
Cirurgia - Miscelânea
Autores
Aléxis Coelho Aguiari, Nicolas Pivoto, Marcela Maria Silvino Craveiro, Walmar Kerche Oliveira , Alexandre Bakonyi , Marco Aurelio Beltrami, Lara Silva Paixão , Luis Henrique Cury Saad