Dados do Trabalho

Título

ESPLENOSE PERITONEAL MIMETIZANDO CARCINOMATOSE PERITONEAL EM UM PACIENTE COM HEPATITE C CRÔNICA : UM RELATO DE CASO

Resumo

CASO: CCS, masculino, 63 anos, procedente de Recife, internado para investigação de ascite, doença hepática crônica com anti-HCV reagente e nódulos peritoneais a esclarecer. Possuía história de infarto agudo do miocárdio, alcoolismo prévio, e passado de transfusão de sangue aos 15 anos após esplenectomia por trauma. À admissão, apresentava-se com edema de membros inferiores, ascite volumosa e disfunção renal, associado à erisipela em perna direita. Foi submetido à expansão volêmica com albumina e antibioticoterapia, com boa resposta. HCV-RNA com 11.000 cópias confirmou a presença de infecção por vírus C.O líquido ascitico evidenciava GASA < 1,1 , ADA ausente, presença de sincícios, e a pesquisa para células neoplásicas revelou-se negativa. Tomografia de abdome com contraste inferia que as nodulações peritoneais encontradas possuíam densidade semelhante ao parênquima esplênico. Prosseguiu-se a realização de cintilografia com tecnécio-99m que confirmou esplenose.DISCUSSÃO: Esplenose é o autotransplante de tecido esplênico após trauma ou cirurgia esplênica. A fisiopatogenia compreende o crescimento tecidual e revascularização dos fragmentos esplênicos sobre os tecidos adjacentes. A maioria dos pacientes se mostram assintomáticos, sendo diagnosticados acidentalmente, através de exames de imagens ou procedimentos cirúrgicos. A esplenose intra-abdominal simula quadros neoplásicos, sendo necessária forte suspeita clínica e realização de exames complementares para confirmação diagnóstica. Exames convencionais como ultrassonografia, tomografia e ressonância apresentam baixa especificidade de modo que, por vezes, não permitem a distinção com outras condições como processos metastáticos, carcinomatose e endometriose multifocal. O exame padrão-ouro é a cintilografia com tecnécio-99m que permite o diagnóstico precoce sem a necessidade de procedimentos invasivos. COMENTÁRIOS FINAIS:O presente caso ressalta a importância da suspeição da esplenose como condição mimetizadora de carcinomatose peritoneal, sendo necessária uma história clínica detalhada e exames de imagem para confirmação diagnóstica. A cintilografia com tecnecio-99m tem se mostrado uma importante ferramenta propedêutica de modo que as intervenções cirúrgicas são reservadas para casos nos quais não é possível a confirmação etiológica ou nos pacientes sintomáticos.