Dados do Trabalho
Título
Hepatite A de curso prolongado em homem jovem, tratado com corticosteroides: um relato de caso
Resumo
APRESENTAÇÃO DO CASO: Homem, 24 anos, previamente hígido, com icterícia, dor abdominal, colúria e acolia fecal, sem sinais de encefalopatia hepática. Na admissão, os sintomas haviam iniciado dois meses antes, com febre, náuseas, vômitos, icterícia e
diarreia. Na época, teve diagnóstico de hepatite A (IgM 13,8/IgG 2,01), ficou assintomático em 1 semana; com reaparecimento da icterícia 3 semanas depois. Exames iniciais: AST 1163, ALT 1646, BT 38,3 (às custas de BD), FA 171, gama-GT 17, albumina 3,8, RNI 1,68 e fator V normal. Ultrassonografia com sinais de hepatite aguda, vesícula biliar com paredes edemaciadas (reacional) e esplenomegalia discreta. Sorologia de VHA: IgG reagente/IgM negativo; investigação negativa para autoimunidade, hepatotoxicidade e outros vírus. No pico de enzimas hepáticas/BT foi optado por início de prednisona 20mg/d, inicialmente com melhora clínica e laboratorial. Com a estabilização dos exames mesmo em vigência de corticoide (CS, até 60mg/d) foi realizada biópsia hepática para definir a manutenção do tratamento: hepatite aguda colestática, com alterações necroinflamatórias moderadas. Simultaneamente, o resultado de carga viral para VHA foi positivo, após 60 dias do início do quadro. Foi optado pelo desmame progressivo do CS, com melhora da BT para 25 na alta. Um mês após estava assintomático e os exames próximos do normal. DISCUSSÃO: Hepatite A apresenta curso benigno e autolimitado em cerca de 90% dos casos. Em 1-20% a evolução pode ser atípica, com colestase persistente e recorrente e < 1% tem evolução para hepatite fulminante. Paciente preenchia critérios para hepatite aguda grave e pelo risco de evolução para forma fulminante foi optado pela introdução de CS, com a hipótese de que o recrudescimento da icterícia fosse secundário a fenômeno imunomediado. Como a biópsia não sugeriu hepatite autoimune e a carga viral foi positiva, foi optada pela suspensão da medicação. Na literatura, a carga viral permanece positiva por tempo variável, cerca de 17d após o pico de EH e duração média de 95d (36-391d) e seu significado ainda é incerto. COMENTÁRIOS FINAIS: A forma colestática de VHA foi descrita pela primeira vez em 1984 sendo o paciente tratado com CS. Desde então, não houve grandes avanços no tratamento; o uso de CS ainda é baseado em relatos/séries de casos, priorizando-se o uso após 30 dias do início dos sintomas nos casos de evolução arrastada e com perda de função hepática.
Área
Gastroenterologia - Fígado
Autores
Beatriz Soares Brito, Isabela Carvalhinho Carlos de Souza, Mariana de Lira Fonte, Debora Raquel Benedita Terrabuio, Venancio Avancini Ferreira Alves, João Renato Rebello Pinho, Mário Guimarães Pessoa