XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Fístula entero-vesical pós-radioterapia: um relato de caso

Resumo

APRESENTAÇÃO DO CASO: V.P.S, feminino, 59 anos, há um ano com diagnóstico de neoplasia do colo uterino (carcinoma de células escamosas não queratinizado invasor moderadamente diferenciado).Realizou tratamento quimio e radioterápico seguido de braquiterapia,com remissão da doença conforme seguimento oncológico.Há cinco meses iniciou dor abdominal difusa, diarreia, febre e sudorese, aventando-se a hipótese de infecção do trato gastrointestinal, com melhora dos sintomas após tratamento antimicrobiano.Há três meses apresentou fecalúria, disúria e dor abdominal, suspeitando-se de fístula reto-vesical. Hospitalizada aos cuidados da oncologia, realizou exames complementares de imagem (tomografia computadorizada de abdome superior e pelve) com achados sugestivos de trajeto fistuloso anterior ao útero à esquerda da linha média que comunica a parede póstero-superior da bexiga a segmento de íleo. À avaliação coloproctológica, foi indicada cistoscopia e evidenciada fístula na parede posterior da bexiga,confirmando hipótese de fístula entero-vesical. Submetida à laparotomia com evidência de fístula entero-vesical,procedendo-se à enterectomia com ressecção de cerca de 30 cm de íleo terminal com anastomose enteroentérica e cistorrafia.Evoluiu satisfatoriamente mantendo-se sondada por 21 dias,realizou cistografia para confirmar fechamento do trajeto fistuloso,seguida da retirada de sonda vesical.No momento mantém-se estável, sem queixas relacionadas ao histórico descrito.DISCUSSÃO:A radio e braquiterapia são importantes e confiáveis modalidades de tratamento para neoplasias de colo uterino, contudo pela localização anatômica do órgão pode resultar em complicações urogenitais sérias, como fístulas retovesicais, enterovesicais e coloretovaginais.Essas se manifestam com fecalúria,pneumatúria,eliminação de urina por via retal e infecções recorrentes. A uretrocistografia retrógrada é o exame de escolha para o diagnóstico dessa condição,quando junto à tomografia computadorizada define com mais clareza a região anatômica acometida,o que auxilia na decisão terapêutica.COMENTÁRIOS FINAIS: As fístulas pós-radioterapia são um desafio terapêutico, muitas vezes necessitando de abordagens cirúrgicas para resolução.A técnica adequada é fundamental para garantir qualidade de vida ao paciente. No caso descrito, a equipe multidisciplinar conseguiu com êxito chegar ao diagnóstico, e garantir com a adequada terapêutica a resolução da complicação, devolvendo bem-estar à paciente.

Área

Cirurgia - Intestinos

Autores

Isabela Oliveira de Miranda, Talita Vila Martins, Arthur Conte Kasper