Dados do Trabalho
Título
Leiomioma hepático em paciente imunocompetente: uma ocorrência duplamente rara.
Resumo
Relato de caso: KFM, 34 anos, sexo feminino, hipotireoidea, admitida no pronto atendimento com dor abdominal de longa evolução. Realizou tomografia computadorizada (TC) de abdome em maio de 2021, que identificou duas nodulações sólidas, uma de 8,8 cm na raiz do mesentério ileal e outra de 3,8 cm em região pararrenal esquerda ambas sugestivas de neoplasia. Submetida à ressecção laparoscópica da lesão no mesentério ileal e também de outra lesão, descoberta no intraoperatório, de 1 cm, em segmento III do fígado. Optado por não abordar a lesão pararrenal nesse momento. Anatomopatológico das peças revelou neoplasia fusocelular e imuno-histoquímica confirmou diagnóstico de leiomioma em mesentério e no fígado. Manteve-se a paciente em acompanhamento e realizou-se ressonância magnética seis meses depois, a qual mostrou a lesão pararrenal esquerda, estável em relação à TC prévia, e também uma lesão nodular de 1,4 cm em cauda de pâncreas. Submetida novamente à laparoscopia em março de 2022, onde foi ressecada a lesão pararrenal esquerda e a lesão pancreática com pancreatectomia corpo-caudal. Resultado de anatomopatológico e imuno-histoquímica mostraram leiomioma e baço acessório, respectivamente. Paciente evoluiu bem no pós-operatório. Avaliada oncológica não indicou tratamento adjuvante.
Discussão: Os tumores estromais e mesenquimais que afetam o trato gastrointestinal (TGI) são neoplasias raras, sendo divididas em dois subgrupos: os tumores estromais gastrointestinais (GIST), mais comuns, e, raramente, os tumores mesenquimais, dentre eles os leiomiomas. Estes são formados por células fusiformes com ausência de atipia nuclear e podem assemelhar-se a células em anel de sinete. Os leiomiomas hepáticos são tumores raríssimos, acometem majoritariamente mulheres entre 30 e 60 anos, portadoras de imunossupressão, as quais encontram-se mais predispostas a apresentarem lesões atípicas. Na literatura, há poucos casos descritos em imunocompetentes, que em geral são assintomáticos ou manifestam dor abdominal crônica. Ao exame de imagem, identifica-se alteração hepática pouco característica, havendo dificuldade em firmar o diagnóstico, que acaba sendo confirmado apenas após ressecção, anatomopatológico e imuno-histoquímica.
Conclusão: Os leiomiomas são tumores raros e sua apresentação clínica e radiológica frequentemente são insuficientes para descartar lesões malignas. Definir o diagnóstico no pré-operatório representa um desafio e a abordagem cirúrgica normalmente se impõe.
Área
Cirurgia - Intestinos
Autores
Ludmila Cristiane Carvalho Baeta, Rodolfo Kalil Novaes Santos, Bárbara Melo Theobaldo, Isabella Almeida Motta, Clara Marques Castro, Rachid Guimarães Nagem, Luiz Gonzaga Torres Junior