XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Endocardite Infecciosa como complicação na Doença de Crohn em vigência de Anti-TNF

Resumo

Apresentação do caso
S.P, femino, 36 anos, portadora de doença de Crohn (A2 L1/L4 B2/B3) me uso de Azatioprina 150mg/dia, Infliximabe 400mg de 4/4 semanas, com doença em remissão clínica, laboratorial e endoscópica. Em abril de 2022 foi internada devido quadro de astenia, náuseas e vômitos, febre alta e massa em região lombar com início há 7 dias. Hemoculturas apresentaram crescimento de Staphylococcus aureus sensível a meticilina (MSSA). Na tomografia computarizada de tórax havia derrame pleural laminar bilateral e coleção na musculaura paravertebral esquerda lombar, medindo 5,6 x 3,8 x 2,6 cm. Ecocardiograma transtorácico sem vegetações valvares e funções sistodiastólicas preservadas. Paciente foi submetida a antibioticoterapia com Oxacilina por 14 dias, com melhora do quadro. Houve drenagem espontânea da coleção lombar. Após alta hospitalar apresentava-se com melhora geral. Foi orientada a suspender uso do Infliximabe até melhor elucidação do ocorrido. Paciente retorna à emergência em julho de 2022 queixando-se de quadro febril há 3 semanas. Exame tomográfico de abdome realizado na emergência revelava presença de abscessos renais. Paciente foi internada novamente. Novas hemoculturas revelaram novo crescimento de MSSA. Realizou-se então ecocardiograma transesofágico que revelou presença de vegetação endocárdica em valva aórtica. Foi realizado então o diagnóstico de endocardite infecciosa. Foi suspensa azatioprina e realizada imunossupressão somente com prednisona. Paciente foi submetida a um novo ciclo de antibioticoterapia com Oxacilina, com plano de completar 6 semanas de tratamento.
Discussão
A endocardite infecciosa é uma complicação extra intestinal rara, mas relatada, da doença inflamatória intestinal (DII). Pacientes com DII, potencialmente representando um grupo de alto risco em comparação com a população geral, são frequentemente imunossuprimidos, necessitando de vários cursos de corticosteroides e terapias imunomoduladoras. Além disso, esses pacientes frequentemente são submetidos a múltiplos procedimentos que os tornam suscetíveis à bacteremia transitória e, posteriormente, à endocardite. O uso de anticorpos anti-fator de necrose tumoral levou a melhorias nas taxas de remissão em pacientes com DII, mas não são isentos de efeitos adversos. Agentes TNF usados em combinação com tiopurinas resultaram em taxas aumentadas de infecções oportunistas. Compreender os riscos de efeitos colaterais e complicações é fundamental para decisão terapêutica.

Área

Gastroenterologia - Intestino

Autores

Fernanda Amorim Schmidt, Guilherme Brolesi Anacleto, Elisa Cantú Germano Dutra, Daniela Estephany Delgado Guevara, Vivian De Souza Menegassi, Leonardo De Lucca Schiavon, Janaína Luz Narciso-Schiavon, Luiz Augusto Cardoso Lacombe