XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Perfuração gástrica relacionada ao uso de cocaína: relato de caso

Resumo

Apresentação do Caso: Paciente masculino, estudante, 25 anos, sem comorbidades, apresentou dor abdominal aguda, em região de abdome superior, de forte intensidade, com defesa à palpação, associado a vômitos, após libação alcoólica e uso de cocaína/crack nas 24h anteriores à admissão. Radiografia evidenciou sinais de pneumoperitônio, sendo encaminhado ao bloco cirúrgico, onde foi submetido à uma laparotomia exploratória mediana com visualização de úlcera perfurada em região pré-pilórica, de 1cm de diâmetro. Realizado ulcerorrafia em 2 planos com patch de omento. Na exploração, não foi encontrado outras lesões. Sem intercorrências na evolução pós-operatória, recebendo alta 4 dias após a cirurgia, com omeprazol e extenso aconselhamento de abstinência de álcool e drogas. Em biópsia, pesquisa negativa para Helicobacter pylori, bem como para malignidade ou displasia. Discussão: A úlcera gástrica é causada, em cerca de 70 a 75% dos casos, pelo H. pylori, e, em cerca de 25% pelo uso de anti-inflamatórios não esteroidais. Mais raramente, as lesões ulcerosas são causadas por usuários de cocaína/crack. Dos pacientes com úlcera gástrica, cerca de 5 a 10% vão desenvolver perfuração, sendo ínfimas as descrições na literatura de perfurações por uso dessa droga. A cocaína, cujo nome químico é benzoilmetilecgonina, é uma substância alcalóide extraída das folhas da Erythroxylum coca. Os efeitos gastrointestinais do consumo da substância estão se tornando conhecidos. Após a ingestão de cocaína, os pacientes podem desenvolver dor abdominal, náuseas, vômitos e diarréia sanguinolenta. A fisiopatologia exata da lesão gastroduodenal induzida por cocaína não é completamente elucidada. Acredita-se que a cocaína estimula de maneira intensa o sistema nervoso simpático, levando à vasoconstrição gástrica, o que pode causar isquemia e necrose de sua parede. Além de estimular diretamente vasoespasmos na mucosa do órgão. As perfurações gastroduodenais secundárias ao abuso de cocaína são mais propensas a afetar a junção pré-pilórica e duodenal, sendo comum encontrar localizações atípicas. Geralmente, possuem cerca de 3 a 5 mm. O tamanho da úlcera encontrado no caso foi bem maior que o frequentemente encontrado. Comentários Finais: A úlcera gástrica perfurada deve ser um dos diagnósticos diferenciais em pacientes usuários de cocaína/crack com dor abdominal e peritonite, devendo ser observado o estômago com cautela durante os procedimentos cirúrgicos.

Área

Cirurgia - Estômago

Autores

Cirênio Almeida Barbosa, DEBORAH CAMPOS OLIVEIRA, Débora Helena Cunha, Maria Cristina Serafim Costa, Marlúcia Marques Fernandes, Lucas Martins Santos Tannús, Aragana Ferreira Bento Cardoso Leão, Bruna Carregal Coelho, Ana Luiza Marques Felício Oliveira Oliveira