Dados do Trabalho
Título
PARACOCCIDIOIDOMICOSE INTESTINAL EM CÓLON TRANSVERSO: RELATO DE CASO
Resumo
Apresentação: paciente masculino, 66 anos, portador de hepatopatia e hipertensão portal secundária à esquistossomose. Admitido com quadro de queda de hemoglobina inicialmente assintomática e, a seguir, com episódios de hematoquezia volumosa. Submetido à endoscopia digestiva alta (paciente estava em programa de ligaduras de varizes esofágicas) que evidenciou varizes esofágicas de fino calibre sem sinais de sangramento ativo ou recente. Colonoscopia feita a seguir mostrou lesão ulcerada com bordas elevadas e fibrina, medindo 3 centímetros e ocupando 50% da circunferência intestinal, em cólon transverso distal, e enantemas focais esparsos e friáveis em todo o cólon. Paciente recebeu hemotransfusão, mas enquanto aguardava resultado de biópsia da lesão descrita, manteve episódios recorrentes de hematoquezia com nova queda dos índices hematimétricos e necessidade de mais concentrados de hemácias. Biópsia concluiu paracoccidioidomicose, sendo iniciado tratamento com sulfametoxazol-trimetoprim, visto itraconazol ser hepatotóxico. Evoluiu com melhora do quadro em 2 semanas, sem hematoquezia ou outros sangramentos. Discussão: A paracoccidioidomicose é uma micose sistêmica causada pelo Paracoccidioides brasiliensis e P. lutzii. Pode se manifestar sob as formas aguda/subaguda ou a crônica (mais comum), apresentando-se na meia idade e predominando no sexo masculino. Na forma crônica, o principal sítio de acometimento é o pulmão, seguido por mucosa de vias aéreas superiores. Acometimento do trato digestivo é raro, podendo envolver qualquer segmento, sendo mais relatado em apêndice, cólon direito e íleo terminal. Esôfago, estômago e duodeno raramente são afetados. Pode se manifestar sem sintomas ou com quadros inespecíficos de dor abdominal, vômitos, diarreia, massa abdominal palpável e perda de peso. É uma afecção de difícil diagnóstico ou suspeição clínica, podendo simular outras afecções como neoplasias ou doença inflamatória intestinal. O diagnóstico definitivo é dado por visualização do fungo em amostras de lesões suspeitas. O tratamento é prolongado. Ambas as espécies respondem à maioria dos antifúngicos, sendo o itraconazol a primeira escolha de tratamento, ficando o sulfametoxazol-trimetoprim como segunda opção. Conclusão: Paracoccidioidomicose intestinal é rara e de difícil suspeição clínica, devido à apresentação inespecífica. A importância desse relato se dá em chamar a atenção para o seu diagnóstico, permitindo tratamento precoce e resolução dos sintomas.
Área
Gastroenterologia - Intestino
Autores
Érica Manuela da Silva Boa Sorte, Rôniki Clean Sá Florêncio, Paula Andraous Merhi, Daniela Silva Galo, Vanessa Madrid Vivo, Nadim Isaac Filho, Lívia Jayme Paulucci, Sara de Freitas Abrão, Márcia Fumie da Rocha