Dados do Trabalho

Título

Recidiva de Tumor de Frantz com metástase hepática: Relato de caso e Revisão da Literatura

Resumo

Introdução: O tumor de Frantz corresponde a uma doença rara, representando cerca de 1 a 3% de todos os tumores pancreáticos exócrinos. Apresenta maior acometimento em pacientes do sexo feminino, jovens, e tem como principal sítio de acometimento a cauda do pâncreas. É tido como uma neoplasia maligna de baixo risco, com altos indices de sobrevida global. O tratamento definitivo da doença é a ressecção cirúrgica. Cerca de 9 a 13% dos casos apresentam comportamento maligno. O presente estudo tem como proposta relatar um caso de tumor de Frantz recidivado, com disseminação local e a distância.
Relato de caso: Mulher, 42 anos, antecedente de duodenopacreatectomia por tumor de Frantz apresenta Nove anos após, quadro de empachamento pós-prandial. Realizada tomografia de abdome com achado de lesão expansiva em hipocôndrio esquerdo medindo cerca de 11x10x8cm, além lesões hepáticas nos segmentos II/IV e VIII suspeitas para acometimento secundário. Realizada biopsia percutânea da massa em flanco esquerdo, sugestiva de tumor de Frantz recidivado. Realizada enucleação de metástase de segmento IV e tentativa de quimioembolização de metástases hepáticas, em serviço. Paciente retomou acompanhamento no nosso serviço e foi então submetida a exérese de tumor de Frantz + esplenectomia + alcoolização intraoperatória guiada por USG de metástase hepática em segmentos VIII e VI. Paciente evoluiu bem no pós-operatório e segue em acompanhamento ambulatorial com a gastrocirurgia e oncologia, com realização de ablação por radiofrequência.
Discussão: O acometimento secundário por tumor de Frantz é altamente incomum. Os principais focos são: fígado, peritônio e pâncreas remanescente (recidiva). Os fatores relacionados a maior ocorrência de recidiva são: idade maior que 28 anos, tumor maior que 10cm, invasão a órgão adjacente, metástase linfonodal e AJCC estádio III. No nosso caso relatado, a paciente apresentou recidiva e metástase tardia (9 anos após a duodenopancreatectomia), além da localização não usual na cabeça do pâncreas inicialmente. Desse modo, esses casos são desafiadores quanto a definição de doença multicêntrica ao diagnóstico versus recidiva após cirurgia radical e mais estudos devem ser realizados a fim de definir protocolos quanto a adjuvância e seguimento a longo prazo.
Referências: Prata, A.I.P.; Mendes, G.G.; Chojniak, R. Locoregional recurrence of Frantz’ tumor: a case report and review of the literature. REV ASSOC MED BRAS 2018; 64(7):577-580