XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Hepatite Medicamentosa Induzida por Albendazol: Relato de caso.

Resumo

Relato de caso: Mulher de 45 anos queixando-se de colúria, cefaleia, mialgia, odinofagia, náuseas e vômitos há cerca de dez dias. Refere uso prévio do albendazol, sem histórico de outras medicações, ervas e suplementos. Nega hemotransfusão e etilismo. Ao exame físico, paciente encontrava-se ictérica 2+/4+, com fígado palpável 02 cm do rebordo costal. Os exames apresentaram elevação das enzimas hepáticas, canaliculares e dos níveis de bilirrubina. Ultrassom e tomografia de abdome normais. A primeira biópsia hepática levantou a possibilidade de uma hepatite autoimune. Não obstante, devido à falta de coesão com a história clínica foi requisitada revisão da lâmina. A nova análise evidenciou uma agressão aguda de característica mista (hepática e colestática), em fase de resolução. A presença de infiltração inflamatória de células mononucleares misturados a eosinófilos condiz com o mecanismo de hipersensibilidade relacionado à agressão hepática, relativamente rara associada ao Albendazol. Não havendo alterações sugestivas de hepatite crônica de natureza autoimune. Os exames laboratoriais retornaram para a faixa da normalidade em um período menor que dois meses.
Discussão: A Hepatite Aguda Medicamentosa é uma doença do fígado que possui um quadro clínico variável. Ela é definida pelo aumento da TGP ≥ 5 vezes o limite superior da normalidade (LSN) ou elevação de FA ≥ 2 vezes o LSN ou TGP ≥ 3 LSN com elevação da bilirrubina para ≥ 2 LSN.O diagnóstico definitivo é de exclusão, associado àmelhora da condição após a interrupção do medicamento agressor. Neste estudo, apresentamos um quadro de hepatite aguda após uso prévio do albendazol. O exame admissional demonstrava as seguintes alterações: TGO: 682 U/L, TGP: 1.374 U/L, FA: 228 U/L, GGT: 238 U/L, BT: 4,9 (BD: 3,9) mg/dL. Após a exclusão de todas as possíveis etiologias (distúrbios metabólicos, autoimunes e virais), foi estabelecido o diagnóstico de Hepatite Medicamentosa. A história clínica foi consistente: uso de albendazol, agressão hepática e regressão espontânea das alterações laboratoriais.
Comentários finais: Diante do quadro de lesão hepática é necessário a caracterização precisa da ingesta de medicamentos e seus fatores de risco. O albendazol é uma droga amplamente utilizada e que raramente causa hepatite tóxica aguda. Na maioria das vezes é ocasionado por sua administração prolongada. Desse modo, os médicos devem estar cientes deste efeito adverso raro e potencialmente fatal.

Área

Gastroenterologia - Fígado

Autores

Cínthia Cristine Santos Fogaça, Maria Luiza Gomes Moreira