Dados do Trabalho

Título

RESSECÇÃO NÃO REGRADA DE MÚLTIPLAS METÁSTASES HEPÁTICAS POR CÂNCER COLORRETAL - RELATO DE CASO

Resumo

APRESENTAÇÃO DO CASO: Paciente FCA, 35 anos, masculino, quadro inicial de dor abdominal em fossa ilíaca esquerda, inespecífica, sem outras queixas. Evoluiu com piora da dor após 2 meses e quadro típico de abdome agudo obstrutivo, quando foi então submetido à colectomia esquerda de urgência, com achados no intraoperatório de adenocarcinoma de cólon esquerdo obstrutivo com metástases hepáticas sincrônicas e carcinomatose peritoneal (pT3N2aM1b). Realizou quimioterapia no pós-operatório com esquema Oxaliplatina, 5-Fluoracil e Leucovorin. Foi reavaliado com exame de imagem e identificada resposta parcial das lesões hepáticas e ausência de evidência de lesões peritoneais pela PET-CT, sendo indicada então laparoscopia e possível ressecção cirúrgica das lesões hepáticas. Durante abordagem cirúrgica, inventário de cavidade não identificou áreas suspeitas para metástases peritoneais, conforme exames de reestadiamento, foi então, prosseguido com ressecção não regrada de nódulos nos segmentos II, IVB, IVA, V, VII e VIII. Procedimento foi realizado guiado por ultrassom intraoperatório, identificadas 12 lesões, as quais foram ressecadas com preservação parenquimatosa. A maioria das lesões era periférica, facilitando a abordagem não regrada, porém, duas destas lesões eram profundas e próximas a grandes vasos, dificultando, porém, não inviabilizando tecnicamente a ressecção. Procedimento sem intercorrências. Paciente evoluiu com boa resposta pós operatória, em seguimento ambulatorial atual.
DISCUSSÃO: Cerca de 50% dos casos de câncer colorretal (CCR) apresentam metástases hepáticas em sua evolução. O tratamento deve ser individualizado, porém, ressecção cirúrgica, com margens livres de pelo menos 1 mm e margem vascular, é o método com melhor sobrevida e taxa de cura a longo prazo. A ressecção das metástases do CCR pode ser desafiadora a depender do tamanho e localização, mas, o número de lesões removidas não é fator limitante, caso o fígado remanescente mantenha capacidade funcional. Nesse contexto, a ressecção não regrada de metástases tem maior potencial de manutenção de boa funcionalidade hepática quando comparada com hepatectomias parciais ou segmentectomias, sem prejuízo em desfecho oncológico.
COMENTÁRIOS FINAIS: A abordagem com ressecção não regrada pode ser indicada com boa taxa de resposta à pacientes com metástase hepática de CCR, especialmente pacientes com lesões periféricas e de pequeno volume, permitindo assim, a preservação de parênquima e função hepática.