XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Tratamento endoscópico na Síndrome de Boerhaave: um relato de caso

Resumo

APRESENTAÇÃO DO CASO
BSC, fem., 21 anos, sem comorbidades, atendida com quadro de vômitos seguido de dor retroesternal súbita, de forte intensidade. À admissão, a tomografia computadorizada de tórax demonstrou pneumomediastino e derrame pleural, maior à esquerda, consequente à perfuração de esôfago distal. Após quatro dias em um hospital de emergência, foi transferida para hospital referenciado. Encontrava-se com empiema pleural volumoso a esquerda, com necessidade de decorticação pulmonar e drenagem do tórax. Pela endoscopia digestiva alta (EDA) foi identificada perfuração de 3 cm, em continuidade com a junção esofagogástrica. No sétimo dia de evolução, posicionou-se sistema de aspiração com esponja de poliuretano no esôfago, junto à área da perfuração, acoplado à bomba de vácuo em aspiração contínua a 125 mmHg. Permaneceu com nutrição parenteral total e dieta enteral por sonda distal. Foram realizadas trocas do sistema a cada três dias e houve cicatrização total da perfuração após 4 semanas.
A paciente realizou EDAs de seguimento com biópsias nas semanas 0 e 4 após a alta que descartaram esofagite eosinofílica. A esofagomanometria mostrou-se normal e a pHmetria confirmou doença do refluxo gastroesofágico. Firmado o diagnóstico de Síndrome de Boerhaave (SBh).
 
DISCUSSÃO
A SBh é a perfuração espontânea do esôfago consequente ao aumento súbito da pressão intraesofágica, representando 15% das perfurações esofágicas. A maioria possui esôfago previamente normal.
O tratamento inicial baseia-se em dieta oral zero, nutrição parenteral, esquemas antibióticos de amplo espectro e inibidor de bomba de prótons. A terapia endoscópica a vácuo age promovendo macro e microdeformação tecidual, estímulo da angiogênese, controle de exsudato e clearance bacteriano. Tem se mostrado mais eficaz comparativamente ao stent metálico autoexpansível e com menos complicações que o tratamento cirúrgico. É possível alcançar sucesso terapêutico em mais de 80% dos casos, reduzindo tempo de internação e morbimortalidade.
 
COMENTÁRIOS FINAIS
A SBh configura uma urgência esofágica rara, fatal em cerca de 20% dos casos, sendo importante o diagnóstico precoce. Apesar do início tardio da terapia endoscópica, a paciente apresentou boa evolução clínica com suporte de terapia intensiva e o acompanhamento cuidadoso da evolução do tratamento durante as trocas do dispositivo de aspiração.

Área

Endoscopia - Endoscopia digestiva alta

Autores

Felipe Flores Pires, Luísa Campos Pereira, Amanda Scalfoni Pecemilis, Lorena Alves Carneiro Freitas, Lilian Machado Silva, Diogo Barros Gutterres, Roberta Dutra Fortes, Catharina Turolla de Andrade, Otávio Souza de Martino, Ana Gabriela Guerreiro Nobre Lebourg, Lia Martins Corrêa, Laura Vicari do Valle