XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Colestase intra-hepática gestacional: um relato de caso

Resumo

APRESENTAÇÃO DO CASO: L.F.D.S, 39 anos, admitida no Hospital de Base no dia 30/07/2022, tercigesta com idade gestacional de 16 semanas e 4 dias, previamente hipertensa e portadora de hipotireoidismo. Admitida com história de prurido generalizado, inicialmente em mãos e pés. Cerca de sete dias antes, apresentou quadro de edema em mãos e pés, que se resolveu espontaneamente, além de disúria e polaciúria, sendo tratada infecção urinária com cefalexina por 6 dias. Na admissão hospitalar, apresentava elevação importante de transaminases (TGO: 1005 e TGP: 1234). Aventada hipótese de colestase intra-hepática gestacional, confirmada após resultado laboratorial de ácidos biliares no valor de 344. Iniciado tratamento com ácido ursodesoxicólico. Paciente evolui com resolução progressiva do prurido e melhora significativa de exames laboratoriais, até sua normalização. DISCUSSÃO: A colestase intra-hepática da gravidez é a doença hepática exclusiva da gravidez mais comum, caracterizada por prurido e elevação nas concentrações séricas de ácidos biliares geralmente se desenvolvendo no final do segundo e/ou terceiro trimestre e rapidamente desaparecendo após o parto. A etiologia envolve uma combinação de suscetibilidade genética, fatores hormonais e fatores ambientais. Em relação ao prurido, o mesmo costuma ser leve a intolerável, que geralmente começa e predomina nas palmas das mãos e plantas dos pés e é pior a noite. O aumento na concentração sérica de ácido biliar (> 40 micromol/L) é o principal achado laboratorial (> 90%) e pode ser a única alteração encontrada. A concentração sérica de gama-glutamil transpeptidase (GGT) é normal ou pouco elevada (30%). As principais complicações são o aumento dos riscos de morte intrauterina, líquido amniótico meconial, parto prematuro e síndrome do desconforto respiratório neonatal. O tratamento desta condição tem dois objetivos principais: redução de sintomas e redução do risco de morbimortalidade perinatal. O ácido ursodesoxicólico (UDCA) é o tratamento de escolha. A diminuição do prurido geralmente é observada em uma a duas semanas e melhora bioquímica em três a quatro semanas. COMENTÁRIOS FINAIS: Doença hepática mais comum na gestação que, uma vez realizada a suspeita clínica, deverá ser instituído tratamento medicamentoso, visando alívio sintomático e redução do risco de complicações perinatais, maternas e fetais.

Área

Gastroenterologia - Fígado

Autores

Paula Andraous Merhi, Rôniki Clean Sá Florencio, Daniela Silva Galo, Vanessa Madrid Vivo, Erica Manuela Da Silva Boa Sorte, Nadim Isaac Filho, Livia Jayme Palucci, Sara De Freitas Abrão, Gustavo Braga De Faria, Fausto Nasser, Rafael Osaki Queiroz Urzedo