XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

TRISSEGMENTECTOMIA DIREITA EM PACIENTE COM METÁSTASE HEPÁTICA DE CARCINOMA ESCAMOCELULAR DE CANAL ANAL: RELATO DE CASO

Resumo

Apresentação do caso: paciente feminina, 64 anos, com diagnóstico de carcinoma escamoso (CEC) de canal anal com mutação do P16, estadiamento inicial III B, iniciou tratamento com 45 sessões de radioterapia associada a quimioterapia. Devido a presença de metástases hepáticas e linfonodais, progrediu com três novas linhas de tratamento quimioterapia paliativo. Durante seguimento clínico, notou o surgimento de nodulação em hipocôndrio direito, de crescimento progressivo, associada a dor intensa, com melhora parcial com o uso de opióides. Ao exame de imagem, apresentava volumosa lesão expansiva com áreas de degeneração cística ocupando o lobo direito, centrada nos segmentos VI/VII medindo 22 x 13,2 x 18,8 cm. Laboratorialmente apresentava CEA 1,3 e CA19.9 58,2 .A paciente foi encaminhada para avaliação de equipe de cirurgia digestiva e submetida a uma trissegmentectomia direita, sem intercorrências no perioperatório. A peça de ressecção com o tumor apresentou 6,8 Kg. O anatomopatológico confirmou carcinoma escamoso. A paciente segue em acompanhamento com o serviço de cirurgia digestiva e oncologia clínica, após 3 meses da cirurgia, relatando melhora importante da dor abdominal.
Discussão: cânceres de canal são tumores incomuns, contudo, sua incidência tem aumentado nas últimas décadas, associadas principalmente à infecção pelo HPV, HIV, imunossupressão e tabagismo. São mais comuns no sexo femino. Os tumores que surgem na mucosa de transição entre o reto e o ânus são os carcinomas espinocelulares. Metástases extra pélvicas distantes foram relatadas em 5% a 8% no diagnóstico inicial. O fígado é o principal alvo de metástase à distância e, quando presente, o prognóstico é ruim. O tratamento para doença localizada é feito com quimiorradioterapia concomitante, mesmo nos pacientes com estadiamento inicial. A excisão local é uma opção para tumores T1 menores que 1 cm, contudo, não existem dados na literatura que comparem esse tipo de abordagem com RT ou quimiorradioterapia. Nos casos de doença metastática, a terapia sistêmica é a base do tratamento, enquanto que terapias regionais como ressecção das lesões ou ablação por radiofrequência ainda não possuem um papel bem definido pela literatura, como nos casos de metástases por câncer colorretal ou neuroendócrino.
Comentários finais: o caso apresentado é um exemplo do benefício da abordagem cirúrgica de metástases nesse tipo de neoplasia com uma boa evolução pós operatória e controle dos sintomas locais.

Área

Cirurgia - Fígado

Autores

Tarso Buaiz Pereira Martins, Carlos Eduardo Lopes Soares, Renan Bezerra de Oliveira, Juarez Jucá de Queiroz Neto, Daniel Tomich Netto Guterres Soares, Marcos Aurélio Pessoa Barros, Gustavo Rego Coelho, José Huygens Parente Garcia