XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Neoplasia Mucinosa Cística de Pâncreas com ruptura espontânea para a cavidade peritoneal

Resumo

Apresentação do caso: Paciente do sexo feminino, 75 anos, com dor abdominal leve. Ultrassonografia de abdome evidenciou coleção epigástrica (270mL), com comunicação com o corpo pancreático. Negava episódios de pancreatite. Eco-endoscopia mostrou lesão hipoecóica e irregular em corpo pancreático e grande coleção com debris entre estômago e fígado. Ressonância magnética de abdome mostrou formação cística mal delimitada em colo e corpo pancreático, com componente exofítico e sinais de rotura para a cavidade peritoneal (210mL), além de cisto na região umbilical, sugestivo de implante de mucina. Submetida a pancreatectomia corpo-caudal convencional com esplenectomia, omentectomia, excisão de implante umbilical e retirada de mucina da cavidade abdominal (encontrado tumor mucinoso roto de pâncreas, com mucina livre pela cavidade e aderida às estruturas mencionadas). Anatomopatológico mostrou neoplasia mucinosa cística do pâncreas (pseudomixoma de baixo grau). Período pós-operatório decorreu sem intercorrências. Discussão: As Neoplasias Císticas Mucinosas (NCMs) de pâncreas são tumores císticos compostos de epitélio produtor de mucina e estroma ovariano. São lesões raras, que correspondem a cerca de metade das neoplasias císticas do pâncreas, e ocorrem quase exclusivamente em mulheres, especialmente a partir da meia idade, sendo mais comum em corpo e cauda do pâncreas. As NCMs são usualmente diagnosticadas incidentalmente, durante investigação de dor abdominal. Entretanto, pode haver complicações, incluindo sua ruptura, levando a disseminação de células tumorais pela cavidade peritoneal e surgimento de ascite mucinosa. Existem teorias pouco estabelecidas que tentam explicar os principais fatores relacionados à ruptura das NCMs. Uma delas sugere maior ocorrência em gestantes, apesar de haver casos descritos em mulheres não gestantes. Fato é que pancreatite, infecção intra-cisto e tamanho aumentado do cisto parecem ter relação com maior risco de rotura. Após o diagnóstico, o tratamento é cirúrgico, sendo preconizada a excisão radical do cisto com margens livres, somada à linfadenectomia, que parece garantir bons resultados no pós-operatório. Comentários Finais: O presente trabalho mostra um caso raro de Neoplasia Cística Mucinosa de pâncreas com rotura intraperitoneal em mulher não-gestante, com bom desfecho pós-operatório. Pouco se sabe sobre os fatores que favorecem a ruptura desses tumores, por serem pouco prevalentes e terem baixos índices de complicações.

Área

Cirurgia - Pâncreas

Autores

Guilherme Naccache Namur, Arthur Youssif Mota Arabi, José Donizeti de Meira Júnior, Marcel Povlovtisch Seixas, Ricardo Jureidini, José Jukemura, Luiz Augusto Carneiro D'Albuquerque