XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Adenocarcinoma de Pouch Gástrico Após Bypass em Y de Roux – Um Relato de Caso

Resumo

Paciente feminina, 47 anos, submetida à gastroplastia em Y de Roux convencial há 13 anos, sem comorbidades, sem vícios, sem histórico familiar de neoplasia, veio ao pronto-socorro por dor abdominal e vômitos há 6 meses, com perda ponderal de 10 quilos em 3 meses. Realizado endoscopia digestiva alta, revelando lesão vegetante em parede posterior de pouch gástrico, medindo 12mm, a biópsia confirmou adenocarcinoma invasivo moderadamente diferenciado. Iniciado dieta enteral, a qual não foi suficiente para atingir o aporte proteico necessário, associando-se assim dieta parenteral total. Doze dias após o início da dieta parenteral total a paciente foi submetida à gastrectomia total (pouch e excluso) e hepatectomia parcial (segmento II e II) devido à invasão tumoral. No sétimo pós-operatório a paciente foi reoperada por fistula em anastomose enteroentérica. Oito dias após a segunda intervenção, apresentou saída de secreção entérica pela ferida operatória, sendo submetida à nova intervenção, com identificação de deiscências múltiplas de anastomoses. Realizado enterectomia de alça alimentar até ponto de deiscência de anastomoses e esofagectomia parcial, mantida em alça fechada e curativo à vacuo, evoluindo à óbito no dia seguinte.
A incidência de adenocarcinoma gástrico em pacientes submetidos ao bypass gástrico em Y de Roux é rara. Nos últimos 10 anos, pouco mais de 30 casos foram descritos, sendo a maioria no estômago excluso. Apesar da etiopatogenia ser desconhecida, acredita-se que o refluxo crônico, a infecção por H.pylori e úlceras gástricas estariam associados à gênese do câncer. A sintomatologia geralmente é inespecífica, podendo apresentar dor abdominal, disfagia e vômitos. O método diagnóstico mais sensível é a endoscopia digestiva alta, porém é comum o atraso diagnóstico desses pacientes, devido à dificuldade em acessar o estômago excluso e pelos sintomas serem atribuídos ao próprio procedimento.
O adenocarcinoma gástrico após bypass é raro, tendo sua localização no estômago excluso em 83% e 17% em pouch. Geralmente ocorrem de 01 e 10 anos pós a cirurgia. No caso descrito, o diagnóstico de adenocarcinoma gástrico foi realizado 13 anos após gastroplastia, o que não faz pensar em patologia previamente existente, pois alguns autores admitem a hipótese de doença prévia quando o diagnóstico é feito em até 05 anos após o procedimento. Além disso, a localização tumoral diverge da maioria dos casos relatados, pois o tumor encontrava-se em pouch gástrico.

Área

Cirurgia - Estômago

Autores

Willy José de Macedo Netto, João VIctor Roman Lindroth, Orli Franzon, André Luiz Parizi Mello, Marcos Tulio Silva, Arthur de Oliveira Dellagiustina, Robson Pereira do Amaral