XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

EVISCERAÇÃO TRANSVAGINAL DE INTESTINO DELGADO: RELATO DE CASO

Resumo

Apresentação do caso: Mulher de 66 anos, com antecedente pessoal de histerectomia total e radioterapia há 10 anos por conta de câncer de colo uterino e abstinência sexual há 5 anos, da entrada no pronto socorro com queixa de dor hipogástrica súbita de alta intensidade acompanhada de sensação de conteúdo anormal na vagina após relação sexual. Devido a queixa importante de dor que a paciente apresentava, foi optado pela realização do exame ginecológico dentro do centro cirúrgico, e com a paciente sob efeito de raquianestesia, foi possível a confirmação da presença de alça de delgado exteriorizada pelo canal vaginal, distendida, sem sinais de peristaltismo, hiperemiada porém sem sinais de hipoperfusão. Optou-se então pela realização de laparotomia e melhor avaliação da viabilidade da alça intestinal eviscerada. Realizada a redução do segmento de alça de delgado herniado, sem sinais de sofrimento, e observado a presença de laceração em região de cúpula vaginal de aproximadamente 4 centímetros. No pós-operatório imediato, a paciente foi mantida em jejum e com sonda vesical de demora, sendo prescrito antibioticoterapia.
Discussão: A evisceração transvaginal do intestino delgado é rara, tendo sido relatados poucos casos na literatura. Essa condição apresenta como principais fatores de risco a idade avançada, histórico de cirurgia vaginal e presença de enterocele. A atrofia vulvovaginal (AVV) compreende alterações histológicas e físicas da vulva, vagina e trato urinário baixo devidas à deficiência estrogênica. Alterações essas que tornam a vagina mais suscetível à rotura. A diminuição da vascularização e atrofia da parede vaginal são as condições em mulheres pós menopausa que estão associadas a maior incidência da evisceração transvaginal. A evisceração transvaginal pode ser espontânea, ou secundária a um aumento súbito da pressão intra-abdominal (tosse, defecação) ou ao trauma, devido manobras obstétricas, introdução de corpo estranho ou relações sexuais, como neste relato de caso. Como descrito anteriormente, a paciente deste relato apesentava vários fatores de risco para a ruptura e evisceração via vaginal: histerectomia prévia, irradiação da pelve por radioterapia para tratamento de tumor de colo de útero, abstinência sexual há 5 anos e AVV.
Comentarios finais: A evisceração transvaginal é considerada uma emergência cirúrgica que exige reconhecimento e intervenção precoce, devido ao risco de perfuração intestinal, necrose e sepse secundária.

Área

Cirurgia - Intestinos

Autores

Nathália Rodrigues Antonelli , Ary Augusto de Castro Macedo