Dados do Trabalho

Título

RESSECÇÃO CIRÚRGICA DE HEMANGIOMA HEPÁTICO GIGANTE SINTOMÁTICO: RELATO DE CASO

Resumo

Apresentação do caso: paciente do sexo feminino, 38 anos, em acompanhamento prévio em serviço de gastroenterologia por quadro de epigastralgia diária há aproximadamente dois anos. Realizou tratamento para infecção por Helicobacter pylori, sem melhora da queixa. Prosseguiu investigação com ultrassonografia e tomografia de abdome que mostram a presença de múltiplas lesões hepáticas, sendo as maiores medindo 19,3 x 15,6 x 8,9 cm no segmento III e outra medindo 12,8 x 7,5 x 3,3 cm nos segmentos V/VI, sugestivas de hemangioma. Prosseguiu investigação com ressonância magnética que confirmou a presença das lesões de 19 cm e 14 cm, além de outros nódulos sugestivos de hiperplasia nodular focal de até 7 cm. Devido a persistência dos sintomas, sem melhora com tratamento clínico, a paciente foi encaminhada para avaliação com equipe de cirurgia do aparelho digestivo. Exames de rastreamento mostraram AFP de 2,2, CEA 0,38 e CA 19.9 2,7. A paciente foi submetida a ressecção das duas lesões maiores, sem intercorrências. O anatomopatológico confirmou a hipótese de hemangioma cavernoso. Segue em acompanhamento no serviço de cirurgia do aparelho digestivo após 1 mês e meio da cirurgia, assintomática.
Discussão: hemangiomas hepáticos (HH) são as lesões hepáticas benignas mais comuns, geralmente únicas, pequenas (< 5cm). A maioria dos pacientes são assintomáticos, sendo diagnosticados principalmente durante a realização de exames de imagem abdominal por outros motivos. Contudo, grandes lesões podem repercutir com sintomas como dor ou plenitude no quadrante superior direito, como no caso apresentado. Embora o mecanismo de influência hormonal não seja claro, os HH são mais frequentes em mulheres e podem aumentar de volume durante a gestação e terapia com estrógenos. HH maiores que 10 cm são referidos como hemangiomas gigantes. Intervenções cirúrgicas raramente são necessárias em pacientes com HH. A enucleação da lesão foi associada com melhores resultados quando comparada com ressecção anatômica do fígado, de acordo com a literatura. Além disso, a intervenção cirúrgica mostrou benefício na maioria dos pacientes com HH sintomáticos, quando a cirurgia foi bem indicada. Conclusões: embora o tratamento cirúrgico nos pacientes com HH seja uma conduta de exceção, relatamos o caso de uma paciente com HH gigante com sintomatologia importante que se beneficiou com a ressecção das lesões.