Dados do Trabalho
Título
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE DOENÇA CELÍACA: RELATO DE CASO DE ENTEROPATIA PERDEDORA DE PROTEÍNA SECUNDÁRIA A OLMESARTANA
Resumo
APRESENTAÇÃO DO CASO: J. R. V., 86 anos, internado em 17/03/2922, com queixa de diarreia há 1 ano, 3 evacuações líquidas por dia, sem elementos anormais; perda de 11kg nos últimos 3 meses, fraqueza e adinamia. Hipertenso, em uso de Olmesartana. Nega cirurgias abdominais. Em consulta prévia, foi iniciada restrição de lactose, ciprofloxacino e nitazoxanida por 7 dias, com melhora parcial, mas com retorno ao quadro inicial. Apresentava hipoalbuminemia e elevação de PCR. Na internação, coletou pesquisa de leucócitos fecais, exame parasitológico de fezes, pesquisa de toxinas para Clostridium e calprotectina fecal, somente esta última alterada. Enterotomografia: espessamento parietal ileal, com acentuação do contraste mucoso, aumento numérico de linfonos e ingurgitamento vascular. Endoscopia digestiva: alterações com padrão de mosaico em 2ª e 3ª porções do duodeno, sugestivas de doença celíaca - biópsia: Marsh 3B. A pesquisa de anticorpos de doença celíaca era negativa. Foi realizada pesquisa de enteropatia perdedora de proteína (dosagem de alfa 1 antitripsina fecal), cujo valor elevado confirmou a hipótese. Revendo possíveis causas da enteropatia, foi visto que o paciente fazia uso crônico de olmesartana, que foi suspensa durante a internação, com melhora da diarreia. No entanto, o paciente gravemente desnutrido evoluiu com choque séptico e cardiogênico refratário, evoluindo a óbito.
DISCUSSÃO: A enteropatia perdedora de proteínas por olmesartana é condição rara, caracterizada por diarreia e perda de peso, principalmente entre a 6ª e a 8ª décadas de vida. O tempo entre exposição e desenvolvimento dos sintomas é variável. Endoscopicamente, surgem lesões semelhantes à doença celíaca, com predomínio duodenal, atrofia de vilosidades, podendo haver linfocitose intraepitelial e deposição de colágeno subepitelial. No entanto, a sorologia para doença celíaca é negativa. É importante afastar outros diagnósticos diferenciais - colite pseudomembranosa, supercrescimento bacteriano, linfoma intestinal, enteropatia autoimune. O tratamento consiste na suspensão da medicação e, em casos grave, associa-se corticoterapia.
COMENTÁRIOS FINAIS: A enteropatia perdedora de proteínas secundária à olmesartana é condição rara, mas que pode se desenvolver de forma grave, cursando com desnutrição e outras complicações. Além disso, é um diagnostico diferencial de afecções comuns, como doença celíaca. Por isso, seu conhecimento é de grande importância na prática dos gastroenterologistas.
Área
Gastroenterologia - Intestino
Autores
Bárbara Buitrago Pereira, Sarah Teixeira Dantas, Ana Luiza Duarte PImenta de Figueiredo, Bernardo Couto Ferreira