XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Hepatite E: etiologia insólita em gestante com Colangite Esclerosante Primária

Resumo

Mulher, 29 a, branca, procedente de Uberlândia (MG), há 12 a prurido, astenia, elevação de enzimas hepáticas, inicialmente padrão misto e na evolução padrão colestático. O diagnóstico mais provável, após investigação ampla, incluindo biópsia hepática, foi Colangite Esclerosante Primária (CEP), sem acompanhar-se de Colite Ulcerativa. Há 4 meses, com 15 semanas de gestação, apresentou sintomas influenza like, icterícia e astenia, elevação de enzimas hepáticas, padrão hepatocelular, atingindo pico com 17 semanas de gestação: aspartato aminotransferase (AST) 412 U/L; alanina aminotransferase (ALT) 951 U/L. Não havia febre, linfonodomegalias, dor abdominal, hiporexia, náuseas, vômitos, sangramentos ou sinais de encefalopatia. Fez viagem para Pirapora (MG). Negava hemotransfusão, contactantes com sintomas semelhantes, uso de medicamentos, chás ou suplementos. Foi realizada nova investigação etiológica, sendo descartadas doenças específicas da gestação; hepatite autoimune (HAI); hepatites agudas virais A, B, C, por HIV, por Epstein-Barr, por Citomegalovírus e por Herpes, além de Dengue. Afastada Toxoplasmose. Não apresentava alteração de pressão arterial, ultrassonografia de artéria oftálmica sem alterações, proteinúria <300mg/24h. Pela suspeita inicial de CEP com sobreposição com HAI, recebeu prednisolona 40mg/dia, sem resposta. Nova ascensão de transaminases na 7ª semana de evolução (23 semanas de gestação). A única sorologia positiva foi IgM reagente para Hepatite E . Evoluindo com manutenção de prurido intenso e refratário, aminotransferases elevadas (AST 137U/L; ALT 254U/L) hiperbilirrubinemia (5,14mg/dL), tendência a hipoalbuminemia (3,7g/dL), alargamento do tempo de protrombina (RNI:1,53), sem sinais de encefalopatia.
A Infecção pelo vírus E foi reconhecida em 1990 como causa de hepatite. Assume particularidade de ter risco de evolução desfavorável, com insuficiência hepática aguda, em crianças e gestantes, cronificação em imunossuprimidos e assintomática nos demais grupos. Salientamos a pesquisa de Hepatite E em pacientes gestantes que evoluam com hepatite aguda, não necessariamente acompanhando-se de sinais infecciosos claros ou exposição epidemiológica. Além disso, salientamos a impossibilidade de tratamento durante gestação por ribavirina ser medicamentos teratogênico, exigindo rigoroso seguimento laboratorial e clínico com atenção a sinais de insuficiência hepática que justifique início de terapêutica categoria D na gestação.

Área

Gastroenterologia - Fígado

Autores

Cristiane Azevedo Alves, Cláudia Carolina Gomes Ferreira , Valéria Ferreira de Almeida e Borges, Clícia Milena dos Santos, Victor Pereira Chaves, Lucas Sicinato Silva, Guilherme Marques Andrade, Juliana Salomão Daud, Nestor Barbosa de Andrade