XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Esôfago negro evolução endoscópica – Relato de caso

Resumo

Apresentação do caso: FERS, 62 anos, homem, hipertenso e portador de hiperplasia prostática benigna, foi admitido devido aumento da circunferência abdominal há aproximadamente um mês, associado à dor local e inapetência. Na propedêutica inicial com tomografia computadorizada foram identificadas múltiplas imagens hepáticas hipoecóicas, sugestivas de lesões metastáticas e ascite puncionada com GASA >1,1 e negativa para PBE. Nos exames para investigação de foco neoplásico primário ressonância magnética de crânio evidenciou provável macroadenoma de hipófise e endoscopia com pangastrite enantematosa, sem outras alterações. No decorrer da internação evoluiu com síncope e queda da própria altura, sem aparente instabilidade hemodinâmica e descartada síndrome coronariana aguda na ocasião e somado ao quadro, episódios de melena com queda da Hb. Repetida a endoscopia foi evidenciada mucosa do esôfago médio até junção esofagogastrica com coloração enegrecida circunferencialmente, entremeada por mucosa pálida e com pontos de sangramento em faixa, autolimitados e estômago mantendo apenas enantema. Levado a UTI onde foi iniciada expansão volêmica e vigilância hemodinâmica; após duas semanas pela melhora clínica realizada nova endoscopia com revascularização e revitalização da mucosa esofagiana. Discussão: A esofagite necrosante, é uma síndrome rara, cuja etiologia não é clara, mas correlacionada com eventos que geram isquemia e propiciam o refluxo gastroesofágico, como infecções, cetoacidose diabética, vômitos prolongados, acidose láctica, neoplasias e eventos vasculares. Cerca de 70% dos pacientes abrirão o quadro com sangramento gastrointestinal e terão o diagnóstico de forma incidental durante a endoscopia para investigação. Apesar de a imagem endoscópica ser muito sugestiva o ideal é a realização de biópsias para confirmação diagnóstica. O manejo inicial consiste em expansão de volume com fluidos intravenosos e tratamento da doença subjacente, sendo orientada a suspensão da dieta oral nas primeiras 24 horas. Se o sangramento foi intenso durante a endoscopia, algumas medidas de hemostasia podem ser tentadas. Comentários finais: É de suma importância o conhecimento desta patologia uma vez que na maioria dos casos, apenas cuidados de suporte levam à resolução dos achados endoscópicos e quando não realizados ou não encontrado o fator causal, podem levar a desfechos desastrosos como perfuração esofágica, estenose, choque e em 6% dos pacientes óbito.

Área

Endoscopia - Endoscopia digestiva alta

Autores

Isadora Brandão Pelucio, Edla Semiramis de Oliveira Campos, Miguel Koury Filho