XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Estrongiloidíase disseminada: diagnóstico por colonoscopia - Relato de caso

Resumo

Apresentação do caso: MNLR, 62 anos, mulher, hipertensa e tabagista, admitida devido a cefaleia frontal e parestesia de dimídio esquerdo progressivas, há um mês. A tomografia de crânio evidenciou imagem hipoatenuante em região parieto-temporal direita com edema vasogênico, efeito de massa e desvio da linha média, compatível com lesão tumoral ou metastática, sugerindo ressonância para prosseguir propedêutica. Devido à clínica e exame radiológico foi iniciada dexametasona 6mg de 8/8h por via endovenosa; bem como investigação de foco neoplásico primário. Como parte da investigação, foram realizadas endoscopia, sem alterações, e colonoscopia, sem sinais de neoplasia. Entretanto, havia disseminadamente inúmeras larvas brancas, fusiformes, móveis medindo de 1,5-2mm. Discussão: A estrongiloidíase é uma doença parasitária causada pelo helminto Strongyloides stercoralis. Esta ocorre através da exposição da pele às larvas infecciosas contidas no solo contaminado por fezes humanas, sendo este organismo capaz de completar todo o seu ciclo de vida no hospedeiro humano. As infecções variam desde a apresentação aguda com irritação cutânea no local de penetração, sintomas pulmonares e gastrointestinais até a forma crônica assintomática, ou ainda quadros com manifestações clínicas anos após a primoinfecção em pacientes imunossuprimidos. Durante a hiperinfecção e/ou infecção disseminada, as larvas têm acesso à corrente sanguínea e a outros órgãos, levando a sintomas gastrointestinais inespecíficos refletindo a presença de grandes quantidades de larvas no lúmen, como dor abdominal, diarreia, constipação, anorexia, perda de peso e outros. Bacteremia polimicrobiana e meningite podem ocorrer pela quebra da barreira intestinal e o carreamento de bactérias na superfície das larvas invasoras, podendo evoluir com sepse e risco de óbito. O tratamento e a profilaxia naqueles que terão necessidade de imunossupressão com radioterapia, quimioterapia ou corticoterapia é com Ivermectina 200mcg/kg/dia por dois dias, chegando a duas semanas em casos severos. Comentários finais: Tendo em vista gravidade e severidade da superinfecção por S. Stercoralis, impondo risco de morte em pacientes que necessitam de tratamento imunossupressor urge a atenção à profilaxia nesses pacientes, evitando complicações como as descritas anteriormente.

Área

Endoscopia - Colonoscopia

Autores

Isadora Brandão Pelucio, Mateus Barros Oliveira, Miguel Koury Filho, Rafael Mendonça Marcucci