XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

RELATO DE CASO: AMILOIDOSE COMO DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DA DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL.

Resumo

Apresentação
Paciente K.S.B., 43 anos, sexo feminino, procurou a emergência relatando edema generalizado e ortopneia. Referia fadiga há um mês, diarreia com sangue e muco e perda ponderal de 15 Kg; há 2 semanas, febre diária, calafrios e sudorese, disfagia para sólidos e dor abdominal.
Foram identificadas anemia microcítica hipocrômica, síndrome nefrótica com hipoalbuminemia grave e hipovitaminose D. A radiografia de tórax evidenciou derrame pleural a direita, com padrão de exsudato e ecocardiograma transtorácico mostrou infiltrado em ventrículo esquerdo poupando a região apical, sinal conhecido como “cherry on the cake”, sugestivo de amiloidose. Realizada biópsia renal, positiva para amiloidose classe IV.
Diante do relato de diarreia intermitente desde 2019, foi levantada a hipótese de doença inflamatória intestinal (DII) e iniciada sulfassalazina 4g/dia, como sintomático. A endoscopia evidenciou pangastrite erosiva intensa, com sufusões hemorrágicas, lesão elevada em corpo gástrico de 20mm, de superfície irregular e friável, com necrose e fibrina; outra lesão semelhante, ocupava a região justapilórica. A mucosa colônica era pálida, com edema e enantema, friável e sangrante ao toque, em reto, observou-se úlcera de 15mm, com fibrina espessa e áreas de necrose.
O anatomopatológico evidenciou em todos os fragmentos, acúmulo de material amorfo, com pesquisa pelo método vermelho do congo positiva, compatível com amiloidose intestinal.

Discussão
A amiloidose é uma condição rara, podendo passar despercebida ou ser diagnosticada em estágios avançados, com uma morbidade significativa e alta mortalidade. Ocorre quando fibrilas proteicas anormais (amiloides) se depositam na mucosa muscular, alterando a estrutura e função do tecido. O envolvimento intestinal é muito raro, normalmente sendo parte do quadro sistêmico, e os órgãos mais afetados são o coração e os rins.
A diarreia é um dos sintomas mais comuns da doença, por vezes muco sanguinolenta. Os achados endoscópicos são caracterizados por aparência granular fina, erosões, ulcerações, mucosa friável, saliências ou lesões tumorais. A histopatologia pode ser a única maneira de fechar o diagnóstico, como no caso acima.

Conclusão
Diante das características clínicas, endoscópicas e da possibilidade de ambas apresentarem acometimento sistêmico, é necessário tratar a amiloidose como um diagnóstico diferencial das DII, visando o direcionamento rápido do tratamento e evitando a progressão de duas doenças potencialmente graves.





































































































































Área

Gastroenterologia - Intestino

Autores

Maria Zuleide Felizola Leão, Caiane Santos Rios, Lucia Safatli Barbosa, Anelisa Sena Machado, Verônica Grobério Nicoli, Letícia Becari Cal de Souza, Sara Miranda Montano de Laurentys, Saulo Cordeiro Paiva, Renan Abaurre Haig Santos, Andrea Vieira, Maria Luiza Queiroz Miranda, Pedro Henrique Brito Oliveira Alencar, Roberto Gomes Silva Junior, Perla Oliveira Shulz Mamone