Dados do Trabalho

Título

Tumor estromal gastrointestinal (GIST) duodenal com episódios recorrentes de hemorragia digestiva alta (HDA).

Resumo

Apresentação do caso: JLS, 51 anos, masculino. Internado por HDA com necessidade de hemotransfusão. Na ocasião realizou 3 endoscopias digestivas altas (EDA), que evidenciaram gastrite erosiva de antro, bulboduodenite enantemática leve e úlcera profunda de 2 cm na transição de bulbo e 2ª porção duodenal contralateral à papila, sem sangramento. Realizadas biópsias para pesquisa de H.pylori (Hp). Recebeu alta com plano de seguimento e nova EDA ambulatorial. Retornou em 6 semanas com anatomopatológico (AP) positivo para Hp, sendo realizada erradicação de Hp. Perdeu seguimento e 2 meses após internou por nova HDA, com anemia sintomática, sendo politransfundido. Tomografia contrastada de abdome com espessamento parietal irregular na 2ª e 3ª porção duodenal, sugestivo de neoplasia primária, e 2 nódulos hepáticos característicos de implantes secundários. Nova EDA mostrou mesma lesão ulcerada com 3 cm, profunda, com bordas regulares e fundo hiperêmico e friável - biópsias iniciais da lesão foram inconclusivas, com necessidade de nova biópsia, que demonstrou células fusiformes e epitelióides, imuno-histoquímica (IHQ) com KIT e CD34 positivos, compatível com GIST. Tomografia de tórax de estadiamento sem alterações. Submetido a gastroduodenopancreatectomia, ressecção de segmento de transverso com invasão neoplásica e de nódulos hepáticos. Boa evolução pós operatória, recebendo alta para seguimento oncológico.

Discussão: Os GIST são as lesões subepiteliais malignas mais comuns do trato gastrointestinal, originados das células intersticiais de Cajal, com maior predileção pelo estômago. Na EDA, a ulceração da lesão confere pior prognóstico, mas possibilita a realização de biópsias dispensando a ecoendoscopia. A confirmação com histologia fecha o diagnóstico através de achados morfológicos e IHQ (KIT, CD34 ou DOG1 positivo). Prognóstico é associado ao tamanho e índice mitótico do tumor. O tratamento das lesões não metastáticas consiste em ressecção cirúrgica ou endoscópica e nos casos metastáticos, inibidores da tirosina quinase.

Comentários finais: Relatamos caso de GIST com localização em duodeno, sítio incomum desta neoplasia. Além disso, a apresentação deste caso foi atípica, com HDA recorrente por lesão ulcerada profunda. Então, reforçamos a importância do seguimento clínico e endoscópico de lesões ulceradas duodenais profundas e persistentes.

Área

Endoscopia - Endoscopia digestiva alta