XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Carcinoma Verrucoso Esofágico: Relato de Caso

Resumo

Apresentação do caso:
Homem, 57 anos, com histórico de tabagismo e de cirrose alcoólica, passou a apresentar disfagia, perda ponderal e linfonodomegalia supraclavicular esquerda. A biópsia excisional do linfonodo demonstrou metástase de carcinoma escamoso pouco diferenciado.
Foi realizada endoscopia digestiva alta (EDA), que evidenciou área erosada se estendendo por 3 cm no esôfago médio, recoberta por múltiplas lesões de aspecto papilomatoso. A biópsia demonstrou mucosa escamosa com displasia intraepitelial de alto grau, sem neoplasia. Nova EDA com biópsia foi realizada, trazendo o mesmo resultado.
Paciente apresentou rápida piora do estado geral, sem possibilidade de tratamento oncológico. Apresentou hematêmese – EDA realizada 48 horas antes para passagem de SNE não demonstrava outras lesões que pudessem ser causa de sangramento. Optado por medidas de conforto. Evoluiu a óbito por choque hemorrágico.

Discussão:
O carcinoma verrucoso esofágico (CVE) é uma variante do carcinoma epidermóide e se caracteriza como um tumor de crescimento lento, bem diferenciado, localmente invasivo, que raramente causa metástases para linfonodos ou órgãos à distância. Porém, tem prognóstico ruim, com alta mortalidade, devido ao atraso entre a apresentação inicial e o diagnóstico.
Os principais fatores de risco são tabagismo e etilismo. A disfagia é o sintoma mais comum; outros sintomas são odinofagia, hematêmese e tosse.
O diagnóstico é principalmente por endoscopia com achados endoscópicos incluindo uma mucosa com placas brancas aveludadas ou papilomatosas desorganizadas e massas exofíticas verrucosas.
A camada superficial do tumor geralmente é recoberta por tecido não maligno, o que torna o diagnóstico, antes da excisão cirúrgica, muito difícil. As biópsias superficiais geralmente mostram achados inespecíficos como acantose, hiperceratose e paraceratose com inflamação aguda e crônica associada, sem sinal de malignidade.
Quando há suspeita de malignidade sem confirmação histológica, exames endoscópicos seriados devem ser considerados.
Morbidade e mortalidade da doença se devem principalmente à invasão local e às complicações cirúrgicas.

Comentários finais:
O CVE é uma variante rara do carcinoma epidermóide, com mau prognóstico. Detecção precoce é fundamental para melhorar a sobrevida do paciente. No caso apresentado, o paciente foi diagnosticado em estágio avançado e, devido às condições clínicas, não houve possibilidade de tratamento oncológico.

Área

Endoscopia - Endoscopia digestiva alta

Autores

Flávia Vieira Lopes, Ismael Maguilnik, Antônio de Barros Lopes