Dados do Trabalho
Título
Enterotórax em hérnia hiatal aguda - Uma complicação pouco estimada no pós-operatório de esofagectomia minimamente invasiva
Resumo
APRESENTAÇÃO DO CASO: Paciente, 21 anos, feminino, previamente hígida, IMC 21,36, admitida com quadro de estenose cáustica do esôfago médio associado à disfagia persistente a despeito de dilatações endoscópicas. Devido à refratariedade, foi indicada esofagectomia minimamente invasiva (videotoracoscopia, laparoscopia e cervicotomia esquerda) com gastroplastia e gastroesofagoanastomose, sem linfadenectomia. Nos primeiros dias pós-operatórios a paciente evoluiu de maneira habitual, contudo no 5º dia apresentou taquicardia e dispneia, sem sinais de insuficiência respiratória. Devido ao quadro clínico foi realizado radiografia de tórax com achado de migração do cólon para o hemitórax direito, o qual foi confirmado por tomografia , qual evidenciou cólon transverso intratorácico, distendido, encarcerado, causando compressão pulmonar bem como dilatação do tubo gástrico. Indicado reoperação em caráter de urgência por laparoscopia com achados intraoperatórios de cólon transverso herniado pelo hiato esofágico, localizado no mediastino, sem sinais de isquemia, necrose ou perfuração. Foi realizado redução do segmento herniado para cavidade peritoneal, hiatoplastia e fixação do tubo gástrico nos pilares diafragmáticos. A paciente seguiu sem outras complicações no pós-operatório e com melhora dos sintomas, recebeu alta no 11º dia.
DISCUSSÃO: A hérnia hiatal após esofagectomia é uma complicação rara, variando entre 0,4-6% em uma metanálise incluindo 2,182 esofagectomias. Atualmente a literatura mostra elevação da incidência em videocirurgias. Esta complicação ocorre precocemente ≤ 7 dias ou tardiamente > 7 dias, pode ser assintomática, na maioria das tardias, ou apresentar-se como: desconforto respiratório, obstrução, isquemia e perfuração intestinal, sangramento digestivo, sepse e morte. O reparo é indicado nos casos agudos, nos tardios sintomáticos, ou quando há migração de vísceras abdominais. A correção cirúrgica, consiste em redução do conteúdo herniado seguido de hiatoplastia, com ou sem tela, associado, ou não, há outras técnicas como omentoplastia (pexia do omento ao hiato esofágico), pexia do cólon transverso a parede abdominal ou pexia do tubo gástrico nos pilares esofágicos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS: O enterotórax agudo é uma complicação rara que pode apresentar alta morbimortalidade. Desta forma, necessita de diagnóstico e intervenção cirúrgica precoce, sendo assim o caso descrito visa expor uma complicação pouco relatada bem como seu manejo cirúrgico.
Área
Cirurgia - Esôfago
Autores
ITALO BELTRAO PEREIRA SIMÕES, YASMIN PERES NAVARRO, JOSÉ DONIZETI MEIRA JUNIOR, FRANCISCO CARLOS SEGURO, JORGE LANDIVAR COUTINHO, ANDRÉ FONSECA DUARTE, SERGIO SZACHNOWICZ, RUBENS ANTONIO AISSAR SALLUM, LUIZ AUGUSTO CARNEIRO D'ALBUQUERQUE