XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Estenose péptica pós dilatação esofágica em paciente portador de megaesôfago

Resumo

Apresentação do caso:
Paciente, 79 anos, sexo masculino, diagnosticado com megaesôfago grau II em 2013, procurou o ambulatório em 2018, devido piora dos sintomas. Foi constatado evolução para megaesôfago grau III no estudo radiológico, sendo submetido a dilatação esofágica com balão pneumático. Evoluiu bem, com relato de boa aceitação para sólidos, sem regurgitação, dor torácica ou perda de peso. Paciente retornou para consultas subsequentes com disfagia ocasional e pirose em algumas refeições. Evoluiu estável até 2021, quando compareceu ao ambulatório referindo piora súbita da disfagia associada a regurgitações em todas as refeições, dor epigástrica e perda ponderal de 7kg, tendo sido atendido em UPA com passagem de sonda enteral. Realizou EDA, 50 dias após passagem da sonda, que visualizou estenose de esôfago distal, esofagite erosiva grau C e megaesôfago grau IV e retirada da sonda. Feita dilatação com sonda de Savary e biópsia, afastando neoplasia. Após 2 novas dilatações e uso de pantoprazol, paciente evoluiu com melhora parcial do quadro clínico.

Discussão:
Acalasia é um distúrbio de motilidade do esôfago, caracterizado por relaxamento diminuído ou ausente do esfíncter esofagiano inferior (EEI) durante a deglutição e aperistalse nos 2/3 inferiores do corpo esofágico. Consequentemente, há acúmulo de conteúdo no terço inferior do órgão e dilatação do esôfago. Uma das opções de tratamento para acalasia, é a dilatação endoscópica com balão pneumático, procedimento seguro e eficaz que consiste na ruptura por pressão das fibras musculares do EEI. Uma complicação infrequente dessa terapia é a doença do refluxo gastroesofágico. Essa condição ocorre devido uma redução da pressão do esfíncter após a ruptura das fibras musculares. Como complicação do refluxo patológico, podemos ter a estenose esofágica, que ocorre devido uma cicatrização intensamente fibrótica das lesões. Apesar de pouco provável, a colocação da sonda pode ter contribuído para o quadro. A estenose por DRGE, após dilatação pneumática, é uma complicação rara na literatura.

Comentários finais:
Estamos diante de um caso de estenose péptica de esôfago pós dilatação pneumática em paciente com megaesôfago chagásico avançado devido a DRGE pós procedimento.
Essa é uma complicação rara, mas a equipe médica que acompanha esses pacientes deve se atentar para o surgimento de sintomas e achados endoscópicos sugestivos de refluxo patológico, que pode ser mimetizado pela recidiva dos sintomas do megaesôfago.

Área

Gastroenterologia - Esôfago

Autores

Ana Clara Cruz Burgos Lessa, Maria de Lourdes Brandão Mascarenhas, Livia Dórea Dantas Fernandes