Dados do Trabalho

Título

Distribuição geográfica da pancreatite crônica no Brasil: análise temporal 2009 - 2019

Resumo

Introdução: a pancreatite crônica (PC) apresenta alta taxa de complicações, com impacto
na sobrevida e qualidade de vida dos pacientes, e, igualmente, no desenvolvimento
socioeconômico da população. Estudos epidemiológicos sobre a PC no Brasil são escassos
e fundamentais para a adoção de estratégias públicas de saúde, principalmente
preventivas.

Objetivos: avaliar as taxas de admissão hospitalar e letalidade por PC no Brasil de 2009 a
2019 e correlacioná-las com a distribuição geográfica e sociodemográfica da população.

Metodologia: estudo exploratório com análise de dados e gráficos de séries temporais a
partir de registros de internação por PC disponíveis no DATASUS entre janeiro de 2009 a
dezembro de 2019. Foram calculadas as taxas de admissão e letalidade intra-hospitalar por
PC em todos os 5570 municípios das 27 unidades federativas brasileiras, agrupadas de
acordo com as macrorregiões geográficas. Para as relações de urbanização e conurbação,
consideram-se os municípios como de pequeno, médio e grande porte, integrados ou não
às regiões metropolitanas (RM).

Resultados: foram registradas 64.609 internações por PC nos hospitais da rede SUS nos
11 anos do estudo. Observamos queda na taxa de internação em todas as macrorregiões
geográficas, lideradas pelo Norte (-77%), Centro-Oeste (-77%) e Nordeste (-70%). Também
houve queda da letalidade da PC em todas as macrorregiões, exceto no Sul onde ocorreu
aumento expressivo (+104%). A redução no número de hospitalizações por PC foi
constatada principalmente nos municípios integrados às RM (-56%). A letalidade aumentou
nos municípios integrados às RM (+10%) e diminuiu nos municípios não integrados às RM
(-7%).

Conclusão: A tendência de queda nas internações por PC no país, principalmente no
Norte, Centro-Oeste e Nordeste, ocorreu em paralelo à redução do tabagismo no Brasil.
Outros fatores a considerar são a redução nas taxas do etilismo, e a melhora de indicadores
socioeconômicos (PIB e IDH) no período. As diversidades regionais e demográficas devem
ser consideradas para implementação de políticas de prevenção e acesso à saúde.