XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Pancreatite autoimune em paciente com doença inflamatória intestinal: relato de caso.

Resumo

Apresentação: G.F.P, sexo feminino, 15 anos, admitida com quadro de dor abdominal em região epigástrica associada a alteração do hábito intestinal e hematoquezia. Exames laboratoriais: amilase 93 U/L, lipase 1246 U/L, IgG4 negativa, p-ANCA positivo e calprotectina fecal 789 mcg/g. A ultrassonografia do abdome e endoscopia digestiva alta não mostraram alterações significativas. A tomografia computadorizada do abdome evidenciou alargamento do pâncreas associado à densificação da gordura peripancreática. A colangiorressonância apresentou sinal reduzido em T1 com supressão de gordura peripancreática, evidenciando alteração parenquimatosa difusa inflamatória do órgão. A colonoscopia identificou área de mucosa com perda do padrão vascular exibindo múltiplas erosões puntiformes que acometem o reto e o cólon sigmóide de forma contínua. Ao exame histopatológico confirmou-se o diagnóstico de Retocolite ulcerativa idiopática (RCUI) na forma de pancolite. Iniciado Mesalazina via oral 3200 mg/Dia e Prednisona 60mg/Dia com boa resposta clínica, laboratorial e endoscópica.

Discussão: A associação entre Doença inflamatória intestinal (DII) e Pancreatite Autoimune (PAI) é rara e o primeiro relato ocorreu em 1950 por Ball et al.1 O aumento na incidência desta associação tem sido relatada e há pior prognóstico e maior gravidade.2 A prevalência estimada de PAI em portadores de DII é de 0.4%. Esta associação é mais prevalente em portadores de RCUI e PAI tipo II. A probabilidade dos pacientes portadores de RCUI desenvolverem PAI aumenta com o tempo e sua incidência é de 0.2% após um ano, 0.6% após 5 anos e 0.8% após 10 anos de doença. Nestes casos há maior gravidade da PAI quando comparada com a população geral.3 Devem ser afastadas outras causas de pancreatite associada à DII incluindo, pancreatite biliar, medicamentosa e secundária ao acometimento duodenal por Doença de Crohn.4 A idade ao diagnóstico da DII em pacientes que desenvolveram PAI variou entre 23 e 33 anos. A maioria dos pacientes foram diagnosticados com RCUI e apresentaram acometimento extenso do cólon (pancolite). Em relação a PAI observou-se maior prevalência em homens jovens quando comparada a PAI isolada.3,5,6 O caso apresentado atende aos critérios diagnósticos para a RCUI e PAI tipo II conforme o consenso internacional para pancreatite autoimune.

Considerações finais: Apesar de rara, a PAI deve ser considerada em todo paciente com DII que apresente dor abdominal e aumento das enzimas pancreáticas.

Área

Gastroenterologia - Pâncreas e Vias Biliares

Autores

PEDRO BALDAQUE DE SOUZA BATISTA, Eduardo Pombo Nascimento, Daniele Pestana, Diana Cocheres, Giovanna Samaniego, Esteban Velez, Kely Arias, Evelyn Ortiz