XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Pseudotumor inflamatório hepático simulando metástase de câncer colorretal: relato de caso e revisão integrativa

Resumo

O pseudotumor inflamatório hepático consiste em tumor benigno sem etiologia conhecida cujo diagnóstico diferencial com doenças malignas é desafiador. O presente relato visa apresentar caso com história clínica e achados radiológicos sugestivos de metástase de câncer colorretal. Trata-se de paciente feminina, 79 anos, em cuja colonoscopia de rastreio identificou-se lesão no ceco com 20x25mm com biópsia compatível com adenocarcinoma moderadamente diferenciado. Estadiamento radiológico sem implantes secundários. Submetida a ressecção cirúrgica videolaparoscópica com ileocolectomia, confirmando anatomopatologia de adenocarcinoma do intestino grosso, pouco diferenciado, com invasão da submucosa, sem comprometer a camada muscular própria, com limites cirúrgicos proximais, distais e meso livres, além de 13 linfonodos ressecados, sem sinais de acometimento, garantindo um estadiamento pT1 pN0 cM0. No follow-up, um ano após, encontrou-se em TC de abdome imagem nodular hipodensa com realce anelar no segmento hepático VIII medindo 1,6 cm, suspeita para implante neoplásico secundário. RMN do abdome confirmou a característica de implante secundário da lesão, que ao método apresentava-se com 1,3cm, moderado hipersinal T2 e hipossinal e T1, realce anelar pelo contraste desde a fase arterial e com restrição à difusão da água. PET-TC, uma vez mais, confirmou área focal de atividade metabólica no segmento VIII do fígado (SUV 3,8) compatível com implante secundário. Ante a suspeita de implante secundário, foi indicada ressecção cirúrgica da lesão, a qual se deu por segmentectomia hepática do segmento VIII. A paciente evoluiu bem no pós-operatório, sem complicações. O estudo anatomopatológico da peça cirúrgica revelou lesão nodular, bem delimitada, brancacenta, firme e fosca, medindo 1,1x 1,0x1,0cm, concluindo que a lesão consistia de parênquima hepático apresentando proliferação linfoide portal e lobular atípica e proeminente, de padrões difuso e folicular. Investigação imunohistoquímica associada aos achados histopatológicos permitiu chegar ao diagnóstico final de hiperplasia linfoide reacional em parênquima hepático, configurando assim o pseudotumor hepático inflamatório. Grandes estudos de revisão de peças cirúrgicas de hepatectomias, com amostras de dezenas de milhares de casos, encontraram prevalência de 0,14-0,7% desta doença, especialmente em populações asiáticas. Sua raridade demonstra a importância de relatos de caso como o presente.

Área

Cirurgia - Fígado

Autores

Felipe Antônio Cacciatori, Pablo Duarte Rodrigues, Silvio Márcio Guerra Júnior, Paulo Roberto Ott Fontes