XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Transplante de microbiota fecal para Clostridium difficille recorrente: relato de caso

Resumo

Relato: Masculino, 31 anos, admissão hospitalar por sepse de foco abdominal. Relato de 5 internações nos últimos 6 meses, sendo as 3 últimas por diarreia, com diagnóstico de infecção por Clostridium difficille (CDI) recorrente, confirmado por laboratoriais e achados em colonoscopia. De comorbidades prévias, paralisia cerebral congênita, hipotireoidismo e síndrome de West. O paciente foi admitido em choque séptico após múltiplos episódios de diarreia com produtos patológicos e febre há 1 dia. Foi iniciado tratamento empírico endovenoso com Piperacilina/Tazobactam e Metronidazol e via sonda com Vancomicina. A pesquisa de CDI foi positiva. Permaneceu internado em UTI por 4 dias. Em enfermaria, recebeu Vancomicina oral por 2 meses, em redução progressiva de dose. Após melhora clínica, foi realizado um Transplante de Microbiota Fecal (TMF) para evitar novas recorrências. O doador foi pessoa não relacionada após screening prévio com protocolo próprio. O TMF foi feito com fezes frescas diluídas em soro fisiológico e implantadas por endoscopia. Paciente permaneceu em seguimento por 6 meses sem novas recorrências e assintomático. Não foram detectadas complicações. Discussão: CDI é a causa mais comum de diarreia intrahospitalar. A chance de cura a longo prazo após a primeira recorrência é baixa com a primeira linha de tratamento, Metronidazol e Vancomicina, em torno de 35%. Como tratamento alternativo, a primeira revisão sistemática sobre TMF para o tratamento de CDI foi publicada em 2011. Incluiu 317 pacientes com uma taxa de resolução de 92%. Atualmente, as principais indicações para o TMF são Clostridium recorrente; infecção moderada que não responde à terapia padrão após no mínimo uma semana; e infecção grave que não responde à terapia padrão após 48h. Visto que é uma alternativa segura e custo-efetiva, já em 2014 o TMF aparece como recomendação formal no NICE para pacientes com CDI recorrente que falharam no tratamento antimicrobiano. Apesar disso, em 2022, mais de 8 anos após, ainda ouve-se falar pouco desse tratamento no Brasil. Em uma revisão da literatura, foram encontrados apenas uma série de casos brasileira sobre o assunto com 12 pacientes e um centro especializado em TMF. Ainda não há consenso na literatura sobre a melhor metodologia para sua realização, porém os diferentes métodos produziram resultados satisfatórios com baixo índice de complicações. Conclusão: Esse relato tem o objetivo de apresentar o caso índice de TMF em um hospital no sul do Brasil

Área

Gastroenterologia - Intestino

Autores

Daniela Benthien dos Santos, Lucas Silveira Paegle, Gabriel Scalco