XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Terapia endoscópica a vácuo como tratamento de deiscência de anastomose colorretal e a importância do uso de CO2 nesse tipo de procedimento

Resumo

Apresentação do caso
Paciente de 66 anos, submetido à ressecção anterior de reto em 2020, por adenocarcinoma, evoluiu com deiscência de anastomose e formação de cavidade inflamatória extra-luminal, além de sintomas como diarreia, tenesmo e incontinência fecal.
Tentadas 50 sessões de câmara hiperbárica, rafia cirúrgica tardia e terapia endoscópica a vácuo (TEV) com o trânsito íntegro, sem sucesso. Em 2022, feita colostomia e reiniciada TEV, com posicionamento de sonda de aspiração intracavitária, a qual era trocada a cada 7 dias.
Após uma das trocas de sonda, o paciente fez uma tomografia de pelve, a qual evidenciou aeroportia e pneumatose intestinal, achados radiológicos indicativos de gravidade. Porém, clinicamente, o paciente estava muito bem e, endoscopicamente, o tratamento seguiu, de forma habitual. Em 5 sessões, houve redução da cavidade (aspecto de “pseudodivertículo”) e resolução do caso.
Discussão
Fístulas e deiscências de anastomose são complicações cirúrgicas prevalentes e representam desafio terapêutico de alta morbimortalidade. Descrito pela primeira vez em 2003 e adaptado do curativo a vácuo para feridas cutâneas, a TEV é considerada primeira linha de tratamento para defeitos transmurais pós-operatórios do trato gastrointestinal. Isso porque é altamente eficaz, minimamente invasiva e de baixo custo. O método consiste no posicionamento endoscópico de uma esponja, de modo intramural ou intracavitário a depender do tipo de lesão, acoplado a uma sonda de sucção continua, trocada a cada 3-7 dias. A TEV estimula a formação de tecido de granulação e cicatrização no sentido cavitário-luminal.
Vale destacar a importância da derivação do trânsito intestinal, a fim de interromper a realimentação da coleção com as secreções intestinais fecais contaminadas, além da realização de procedimentos endoscópicos terapêuticos prolongados com CO2, já que há penetração inevitável dos gases pelos tecidos e vasos e a disseminação facilitada do CO2 previne complicações embólicas.
Comentários finais
O caso relatado ratifica a TEV como método eficaz e seguro no manejo das complicações cirúrgicas relacionadas a defeitos transmurais, levando em conta a necessidade de uma estreita cooperação entre o cirurgião e o endoscopista. Reforça, ainda, a importância do uso de CO2 para prevenção de eventos embólicos que podem colocar em risco a vida do paciente.

Área

Endoscopia - Colonoscopia

Autores

Viviane Fittipaldi, Juliana Fittipaldi, Bárbara Muniz de Souza Cruz, Eduardo Rachman Viegas, Domingos Fittipaldi, Leonardo Machado de Castro