XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

RAZÃO DE LINFONODOS METASTÁTICOS SOBRE LINFONODOS RESSECADOS COMO FATOR PROGNÓSTICO NO CÂNCER GÁSTRICO

Resumo

Introdução: A presença de metástase linfonodal é um dos principais fatores prognósticos no câncer gástrico (CG). Como a classificação correta do estádio pN depende de uma dissecção linfonodal adequada, foi proposto que a razão entre linfonodos (LNs) metastáticos e o número total de LNs examinados (N-Ratio) é capaz de refletir mais adequadamente o grau de metástase dos LNs, reduzindo a migração de estádio.

Objetivo: Investigar o valor prognóstico do N-Ratio no CG e a influência na sobrevida de pacientes com <25 LNs ressecados.

Método: Avaliaram-se pacientes com GC submetidos à gastrectomia com linfadenectomia. Determinaram-se as categorias do N-Ratio através do método da curva ROC, e a área sobre a curva (AUC) utilizada como medida de desempenho na previsão de recidiva/óbito.

Resultados: Entre os 561 pacientes incluídos, a média de LNs dissecados foi de 41,2, e 57% tinham pN+. O N-Ratio médio foi 0,12, e 17,5% pacientes tinham <25 LNs ressecados. A acurácia do N-Ratio para prever a sobrevida foi de 74% (AUC=0,74; IC95% 0,70-0,78, p<0,001), e os casos foram agupados do seguinte modo: 241 (43%) casos N-Ratio 0 (0%); 69 (12,3%) casos N-Ratio 1 (0-5%); 177 (31,6%) casos N-Ratio 2 (6-33%); e 74 (13,2%) casos N-Ratio 3 (>34%). Linfadenectomia D1 (p=0,035), gastrectomia total (p=0,001), tipo histológico difuso e pT mais avançado (p<0,001) foram mais frequentes no N-Ratio 3. A sobrevida livre de doença (SLD) e sobrevida global (SG) foi diferente entre todos os grupos N-Ratio. Comparado à classificação do TNM, o grupo N-Ratio-3 teve sobrevida significativamente pior que os casos estádio pN3 (SLD=21,8 vs 11 meses, p=0,022; SG= 31,2 vs 22 meses, p=0,014). Quando avaliado de acordo com o número de LNs ressecados, a SLD foi pior nos casos com <25 LNs comparativamente a aqueles com >25 LNs nos casos N-Ratio 0 (68,8% vs 81,9%, p=0,061) e N-Ratio 1 (66,2% vs 50%, p=0,504). Já a SG, os casos com <25 LNs tiveram SG significativamente pior comparada aos com >25 LNs no grupo N-Ratio 0 (68,8% vs 84,5%, p=0,018). O mesmo foi visto no N-Ratio 1, embora sem atingir significância estatística (81,3% vs 50%, p=0,297). A SG e SLD dos casos N-Ratio 0 com <25 LNs foi semelhante aos casos N-Ratio 1.

Conclusão: O N-Ratio foi capaz de prever a sobrevida no CG, definindo melhor o prognóstico particularmente em casos com estádio nodal mais avançado (N-Ratio 3). Entretanto, uma vez que o N-Ratio não pondera casos pN0, deve ser considerado como fator prognóstico individualizado especialmente naqueles com rendimento linfonodal inferior a 25.

Área

Cirurgia - Estômago

Autores

Breno Cordeiro Porto, Marina Alessandra Pereira, Marcus Fernando Kodama Pertille Ramos, André Roncon Dias, Bruno Zilberstein, Luiz Augusto Carneiro D´Albuquerque, Ulysses Ribeiro Junior