Dados do Trabalho

Título

Hérnia diafragmática pós-traumática estrangulada: um relato de caso

Resumo

Apresentação do caso:
S.L.F., 54 anos, masculino, admitido na emergência por queixa de dor e distensão abdominal progressivas, associadas à retenção de gases e fezes. Relatou que sofreu trauma torácico em acidente de trânsito há 15 anos, com tratamento conservador. À tomografia de abdome admissional, evidenciou-se hérnia diafragmática à direita. Encaminhado à laparotomia exploradora, que revelou segmento colônico estrangulado como conteúdo da hérnia diafragmática à direita. Procedeu-se colectomia direita com ileocoloanastomose e drenagem com pressão negativa da cavidade, seguida de drenagem torácica. Ao 15º dia pós-operatório, paciente evoluiu com sepse abdominal secundária à deiscência de anastomose, abordada com rafia e redrenagem da cavidade. Dois dias após, foi submetido à laparotomia revisional, com nova lavagem da cavidade e peritoneostomia - fechada após 5 dias. Paciente segue em nutrição parenteral total e aos cuidados de enfermaria.

Discussão:
Hérnias diafragmáticas consistem na evisceração transdiafragmática de órgãos abdominais à cavidade torácica, afetando principalmente estômago, omento, cólon e fígado. Apesar da correlação com traumas, ocorre subdiagnóstico em cerca de 66% das abordagens emergenciais primárias, tendendo à cronificação e posterior risco de estrangulamento. O diagnóstico é estabelecido pela história clínica, exames de imagem e cirurgias exploratórias. Na radiografia torácica simples, um dos métodos mais empregados na avaliação inicial, pode-se notar irregularidades em hemicúpula, coleção gasosa anormal supra-diafragmática e posições anormais de dispositivos ou contrastes nasoenterais. O tratamento consiste em reparar o defeito diafragmático cirurgicamente, via laparoscopia ou toracoscopia. As abordagens disponíveis são: (1) transtorácica, indicada em casos agudos, pela alta frequência de lesões associadas; ou (2) transabdominal, recomendada em situações crônicas, uma vez que promove melhor redução do conteúdo herniado e lise de aderências.

Comentários finais:
A complicação pós-traumática mais comum em lesões diafragmáticas são as hérnias diafragmáticas crônicas, devido a lesões subdiagnosticadas ou deiscência de correções cirúrgicas prévias. Este relato ilustra um caso de hérnia diafragmática pós-traumática relacionada à história de acidente automobilístico, que, por cronificação, ampliou-se provocando estrangulamento colônico.