Dados do Trabalho
Título
Terapia endoscópica a vácuo para tratamento de perfuração gástrica em pancreatectomia robótica assistida
Resumo
M.A., 59 anos, submetida à pancreatectomia robô assistida teve, durante o procedimento, perfuração inadvertida do fundo gástrico, a qual não foi percebida de imediato.
Em 48 horas, houve piora da clínica e dos parâmetros inflamatórios. No exame de imagem, foi percebido o defeito na parede gástrica. Houve tentativa de rafia cirúrgica e de drenagem percutânea por radiologia intervencionista, sem sucesso.
À endoscopia digestiva alta, percebeu-se óstio amplo com acesso a uma cavidade extra-luminal com conteúdo fibrino/necrótico. Posterior à lavagem da cavidade, foi posicionado um vácuo endoscópico, trocado semanalmente.
Após 5 trocas, a cavidade inflamatória reduziu, apresentando tecido de granulação. Paciente teve alta, com dieta oral. Em um mês, a endoscopia de controle mostrou reepitelização da cavidade, a qual se apresentou como um “pseudodivertículo”.
Discussão
A terapia endoscópica a vácuo (TEV) vem ganhando destaque como tratamento das perfurações do trato gastrointestinal. A técnica possibilita drenagem contínua e eficaz da cavidade; desbridamento; recrutamento celular e estímulo à angiogênese, fatores que levam à cicatrização e ao fechamento gradual do defeito mural.
Apesar dos claros benefícios, o tratamento necessita, em geral, de mais de um exame endoscópico, com trocas sequenciais da sonda de aspiração, a qual pode trazer desconforto ao paciente.
É válido ressaltar que, casos de complicações cirúrgicas com formação de cavidade inflamatória devem ter uma abordagem multidisciplinar, com estreita cooperação entre as equipes endoscópica, clínica e cirúrgica, por se estar diante de um paciente complexo. O estado clínico, os achados endoscópicos e os estudos de imagem devem ser analisados e, de forma individualizada, deve-se escolher a melhor estratégia terapêutica.
Comentários Finais
O tratamento com a TEV se mostrou eficaz e minimamente invasivo para abordar grandes cavidades inflamatórias. Apesar de necessitar, por vezes, de endoscopias seriadas, a técnica, quando usada como primeira escolha terapêutica, reduz o tempo de internação, evita intervenções cirúrgicas desnecessárias e permite a drenagem, o desbridamento e a cicatrização de cavidades, deiscências e/ou fístulas.
O caso em questão apresenta a particularidade de uma situação refratária a outras opções terapêuticas (cirúrgica e radiológica) que respondeu, satisfatoriamente, ao tratamento endoscópico oferecido.
Área
Endoscopia - Endoscopia digestiva alta
Autores
Viviane Fittipaldi, Yohana Sotero Barbosa de Amorim, Ana Carolina Machado Callou, João Pedro Marins Brum Brito da Costa, Eduardo Rachman Viegas, Ricardo Cerqueira Alvariz