XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Intussuscepção gástrica em estômago excluso em pós-operatório tardio de cirurgia bariátrica diagnosticada por enteroscopia, um relato de caso

Resumo

Apresentação do caso clínico
Paciente do sexo feminino, 40 anos, com antecedente prévio de gastroplastia redutora há 10 anos, apresenta segundo episódio de internação por hemorragia digestiva e anemia sintomática em intervalo de 2 meses.
Submetida a Endoscopia Digestiva Alta (EDA) com evidência de gastroplastia com reconstrução em Y de Roux e anastomose gastrojejunal pérvia e sem lesões. Devido à persistência do quadro de hemorragia digestiva, paciente submetida a enteroscopia. O exame foi realizado com ouvertube com balão único. Em avaliação de estômago excluso, nota-se lesão polipoide, com úlceras rasas na superfície, sem sangramento ativo e sugestivo de intussuscepção. A paciente foi encaminhada para tratamento cirúrgico, tendo o anatomopatológico da peça cirúrgica excluído malignidade e confirmado o diagnóstico de intussuscepção.
Discussão
O aumento na prevalência da obesidade e suas complicações nas últimas décadas, associado à evolução nas possibilidades terapêuticas, gerou um aumento expressivo na quantidade de cirurgias bariátricas, alcançando um total de 12.568 procedimentos no Brasil em 2019, antes do início da pandemia por COVID 19. A pandemia gerou ainda uma demanda reprimida com mais de 5.000 pacientes em fila de espera apenas no estado de São Paulo.
Dessa forma, torna-se essencial o conhecimento sobre as complicações implicadas nesse tipo de tratamento. Entre as principais complicações precoces estão: fístulas e estenoses em áreas de anastomose, obstrução, ulceração marginal e deiscências. Com relação às complicações tardias, destacam-se: hérnias incisionais, deficiências nutricionais, hipovitaminoses, anemia e colelitiase.
Os casos de hemorragia digestiva estão presentes em 2-4% dos pacientes submetidos a cirurgia bariátrica, sendo a EDA, devido à maior disponibilidade do procedimento e pela maior prevalência de complicações em anastomose proximal, é o procedimento de escolha para diagnóstico de complicações em pacientes pós-cirurgia bariátrica. No entanto, a enteroscopia pode ser necessária para avaliação da anastomose distal na reconstrução em Y de Roux e a porção “bypassada” do estômago.
Comentários finais
No caso apresentado, foi evidenciada uma condição extremamente rara em pós-operatório tardio de cirurgia bariátrica. Nesse sentido, o trabalho se propõe a ressaltar a importância da enteroscopia na avaliação de hemorragias digestivas em pacientes selecionados nos casos em que a EDA não for capaz de determinar a causa e local do sangramento.

Área

Endoscopia - Endoscopia digestiva alta

Autores

Gustavo Werneck Ejima, Sara Cardoso Paes Rose, Flávio Hayato Ejima, Lucas Santana Nova da Costa, Roland Montenegro Costa, Amyr Chicharo Chacar