XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Colecistopatia pós COVID 19 (CPC): achados de imagem e anatomopatológicos - novo diagnostico diferencial em casos de síndrome colestática.

Resumo

Apresentação do caso clínico
Paciente, masculino, 75 anos, sem comorbidades apresentou quadro de COVID 19 grave com necessidade de internação em UTI e Ventilação Mecânica e, após resolução do quadro respiratório, apresenta quadro de síndrome colestática, com hiperbilirrubinemia às custas de Bilirrubina Direta, aumento de enzimas canaliculares e discreto aumento de enzimas hepáticas. Realizada Ecoendoscopia e Colangioressonância Magnética (CRM) que evidenciam espessamento parietal em colédoco proximal, inicialmente suspeito para neoplasia. Realizada Colangiopancreatografia Retrógrada Endoscópica (CPRE) sem evidências sugestivas de neoplasia. Optado por realizar Colangioscopia com biópsia sob visualização direta que evidenciava fibrose e material amorfo e alongado. Inicialmente aventada hipótese de parasitose, porém anatomopatológico exclui essa hipótese e confirma padrão de Colangiopatia pós-covid 19 (CPC). Por fim, é realizada a passagem de prótese biliar plástica com melhora do quadro colestático e sem evidências de recidiva durante acompanhamento.
Discussão
A CPC é uma patologia descrita em pacientes em recuperação de quadro respiratório agudo grave pelo SARS-COV-2. Inicialmente considerada como uma forma de colangite esclerosante secundaria (CES) em pacientes críticos, hoje é aceita como uma nova entidade.
Entre as hipóteses quanto a fisiopatologia da CPC, acredita-se que possam estar presentes: lesão relacionada a drogas utilizadas para tratamento da COVID-19, doença biliar previamente desconhecida, tempestade inflamatória por citocinas liberadas durante a doença e lesão hipóxico-isquêmica em casos de maior gravidade. No entanto, atualmente sabe-se que ocorre injúria viral direta às vias biliares.
Os achados em CRM são semelhantes aos da CES, evidenciando defeitos endoluminais das vias biliares, estreitamentos dos ductos biliares e presença de coleções. A análise anatomopatológica diverge da CES, sendo mais prevalentes vacuolizações citoplasmáticas de colangiócitos e alterações microvasculares.
A similaridade dos achados radiológicos e da fisiopatologia da CPC com a CES do paciente crítico sugerem uma associação com relação a frequência e/ou gravidade da CPC.
Comentários Finais
Acredita-se que a CPC represente uma associação entre a CES do doente crítico e a lesão viral direta e, apesar da diminuição dos casos graves relacionados a COVID 19 atualmente, esse é um diagnóstico diferencial importante em pacientes com história clínica e epidemiológica compatíveis.

Área

Endoscopia - Colangiopancreatografia endoscópica retrógrada

Autores

Gustavo Werneck Ejima, Sara Cardoso Paes Rose, Flávio Hayato Ejima, Lucas Santana Nova da Costa, Amyr Chicharo Chacar