XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Diagnóstico e tratamento endoscópico curativo de adenocarcinoma invadindo submucosa superficial no reto em uma colonoscopia de rastreamento do câncer colorretal – Relato de Caso

Resumo

Apresentação de caso: S.T.S., 53 anos, masculino, apresenta-se em consulta de rotina. Nega queixas. Etilista moderado, nega tabagismo, nega história familiar de câncer. Realiza-se colonoscopia, que mostra lesão elevada com depressão central no reto, medindo cerca de 10 mm, com padrão irregular capilar, áreas avasculares e aspecto da mucosa perilesional em "chicken skin". Trata-se de lesão IIa + IIc pela classificação de Paris, Vi pela classificação de Kudo e 2B high pela classificação japonesa (JNET). Complementa-se avaliação com ecoendoscopia, na qual não há comprometimento da muscular própria adjacente, nem presença de linfonodomegalias. Executa-se mucosectomia com alça diatérmica, após injeção de voluven na submucosa. Efetua-se hemostasia e fechamento do leito com clipe metálico. O anatomopatológico mostra adenocarcinoma invasor bem diferenciado, com limites livres, acometendo 400 micrometros da submucosa (pT1b), sem sinais de invasão angiolinfatica, perineural ou budding. Na colonoscopia de controle, nota-se cicatriz branca com convergência de pregas, biopsia negativa para neoplasia. Paciente foi encaminhado a oncologia sem, no entanto, precisar de quimioterapia adjuvante.

Discussão: O Câncer Colorretal (CCR) precoce condiz ao estadiamento sem evidência de envolvimento de órgãos adjacentes, linfonodos ou sítios a distância. A via adenoma-carcinoma é a mais comum, representando 75% dos CCR. Cerca de 59% dos pólipos adenomatosos surgem entre 50-74 anos. Ademais, indivíduos que consomem álcool de forma moderada (1-4 doses/dia) e alta (mais de 4 doses/dia) tem maior risco de desenvolver CCR.
Aproximadamente 10% dos CCR em T1 possuem invasão linfonodal. Todavia, no caso relatado, a lesão retirada não tinha fatores de risco associados a acometimento linfonodal, como invasão profunda da submucosa (≥ 1000 µm), lesão indiferenciada, invasão linfovascular ou invasão perineural. Assim, a intervenção endoscópica é curativa.

Conclusão: A colonoscopia e suas técnicas de ressecção de lesões neoplásicas precoces são essenciais para o screening de neoplasias, sendo capazes de reduzir a incidência do CCR em até 90%. O estudo detalhado do padrão das lesões encontradas permite detectar afecções com maior potencial de malignidade. Ademais, a ecoendoscopia baixa mostra-se útil para estadiar neoplasias precoces retais. Em suma, procedimentos endoscópicos estão cada vez mais aprimorados quanto a ressecção de lesões “em bloco” permitindo uma avaliação histopatológica adequada.

Área

Endoscopia - Ecoendoscopia

Autores

Maria Paula Ronchi Colombo, Milena Pagnan Padoin, Fernanda Justino Medeiros, João Vitor Antunes, Manoel Carlos de Brito Cardoso