Dados do Trabalho

Título

CÂNCER GÁSTRICO DIFUSO EM PACIENTE COM GASTRITE ATRÓFICA OLGA IV

Resumo

APRESENTAÇÃO DO CASO: MTM, feminina, 59 anos, portadora de retocolite ulcerativa (colite esquerda) desde 2004 em tratamento com mesalazina oral e tópica. Diagnóstico de gastrite atrófica OLGA IV em 2018, ocasião que foi tratada a infecção pelo Helicobacter pylori (HP). História familiar positiva para câncer gástrico – pai e dois tios paternos. Perdeu seguimento durante a pandemia da Covid- 19, retornando em abril de 2022, quando realizou endoscopia digestiva alta com cromoscopia e mapeamento gástrico. Detectado lesão Paris 0-IIc+IIa em corpo gástrico distal com 10 mm de diâmetro. Histologia compatível com infiltração de mucosa gástrica por adenocarcinoma tipo difuso/pouco coeso, pouco diferenciado, com células em anel de sinete, que foi confirmada na peça após gastrectomia total. Laudo complementar pós cirurgia com ausência de embolia angiolinfática, margens cirúrgicas livres de neoplasia e estadiamento patológico AJCC, 8ª edição PT1a pN0. DISCUSSÃO: O câncer gástrico é a quinta principal causa de câncer e quarta principal causa de morte por câncer em todo mundo. O câncer gástrico pode ser classificado em dois subtipos histológicos pela classificação de Lauren: intestinal e difuso. O câncer gástrico do tipo intestinal (CGTI) é mais classicamente associado a infecção crônica pelo HP, como evento final da progressão de gastrite crônica para gastrite atrófica (Cascata de Pelayo- Correa). O CGTI é mais comum em homens, idade avançada e localizado no estômago distal.Em contraste, o câncer gástrico do tipo difuso (CGTD) ocorre em paciente mais jovens, afetando igualmente homens e mulheres e localizado no estômago proximal. Está bem estabelecido que a infecção pelo HP, induz lesões gástricas pré-neoplásicas, sendo fator de risco para CGTI, porém é controverso se está relacionado a maior risco de CGTD. Recentes revisões mostram que gastrite crônica e metaplasia intestinal estão também associadas CGTD, em especial nas formas mais avançadas de atrofia (OLGA III e IV). COMENTÁRIOS FINAIS: A gastrite crônica atrófica em estadios avançados pode predispor além do CGTI, o CGTD. Estudos têm demonstrado esta associação que foi relatada neste caso clínico e serve de alerta para acompanhamento destes pacientes.