XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

ANÁLISE DO IMPACTO DA FORMA DIGESTIVA DA DOENÇA DE CHAGAS NO BRASIL

Resumo

Introdução: A doença de Chagas é uma condição infecciosa ainda negligenciada, mas de expressiva morbimortalidade no Brasil. Essa, por sua vez, se caracteriza clinicamente pela fase aguda e crônica, que pode se manifestar nas formas indeterminada, cardíaca e digestiva. As manifestações digestivas concentram-se no esôfago e no cólon e se manifestam principalmente através de disfagia e constipação, que ocorrem em decorrência de alterações crônicas dos órgãos que podem levar a megaesôfago e/ou megacólon. Porém, existe uma lacuna a respeito do impacto da forma digestiva dessa doença no Brasil, uma vez que a vigilância epidemiológica dos casos crônicos de Chagas é trabalhada com estimativas, e a extensão real da problemática e suas consequências é pouco conhecida. Objetivo: Analisar o impacto da forma digestiva da doença de Chagas no Brasil no período de 2000 a 2020. Método: Estudo transversal e quantitativo, realizado a partir de informações da Fiocruz e do Ministério da Saúde publicadas na plataforma Scielo sobre a prevalência e mortalidade pela forma digestiva. Resultados: Considerando a projeção mínima da estimativa de prevalência de infecção por T. cruzi de 1,02%, de 2000 a 2020, estima-se, de 31.036.045 pelas formas crônicas da doença de Chagas no Brasil e, considerando que 10% das pessoas com infecção evoluem para forma digestiva, existiriam, nesse mesmo período, 3.103.605 de pessoas infectadas pela forma digestiva. Durante esse período, foram registrados 98.953 óbitos por Chagas, em que cerca de 9,4% são relativos a formas digestivas. Em 2013, Goiás foi o primeiro estado a realizar notificação compulsória estadual dos casos crônicos da doença. No primeiro ano, obteve sete notificações e, em 2019, já possuía um banco com 4.100 notificações registradas. É válido salientar a importância de estratégias de diagnóstico precoce, uma vez que o impacto econômico durante o estágio crônico é elevado, em razão do manejo das lesões cardíacas e digestivas severas requerer altas demandas por serviços de saúde, sendo US $ 750 milhões o custo anual estimado nos países endêmicos. Conclusão: É notável que o impacto pela forma digestiva da doença de Chagas é muito relevante, representando ainda um importante desafio em saúde pública para o Brasil. Entretanto, salienta-se que somente com a notificação e sistematização dos casos crônicos, esse impacto terá concreta notabilidade, possibilitando o planejamento de respostas adequadas pelo sistema de saúde.

Área

Gastroenterologia - Esôfago

Autores

Maria Luisa Rocha Terencio, João Vitor Xavier Santos, Gabriela Beatriz Coelho de Sousa, Pedro Felipe Miranda Badaró, João Gabriel Batista Simon Viana, Lailson Joaquim da Silva, Maria Gabriela Freitas Viana, Lara Pinheiro Arenas, Erick Santos Nery, Pedro Lucas Bonfim Figueirêdo Farias, Ana Flávia Souto Figueiredo Nepomuceno