XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Síndrome de ativação Macrofágica: um diagnóstico a ser lembrado em todo caso de hepatopatia aguda.

Resumo

APRESENTAÇÃO DO CASO: Mulher, 37 anos, com dor em hipocôndrio direito (HD) associada a náuseas, prurido, icterícia e febre com calafrios há 20 dias. Tem lúpus eritematoso sistêmico diagnosticado há 2 anos. Colecistectomizada há 1 ano. Ao exame físico: icterícia 3+ com dor em HD, baço percutível e Murphy negativo. Diagnosticou-se colangite aguda e iniciou Ceftriaxona e Metronidazol. Na admissão: pancitopenia (Hb 11,4g/dL, GB 1.460/µL e plaquetas 86.000/µL), disfunção hepática grave (albumina 2,2g/dL, RNI 2,3 e BT/BD 11,4/10,4mg/dL), colestase (FA/GGT: 1126/1120U/L) e citólise hepáticas (ALT/ALT: 1694/1752U/L). HBV, HCV e HIV negativos. FAN 1:640, nuclear pontilhado fino. Tomografia de abdome com discreta esplenomegalia. Colangiorressonância com vias biliares normais. Evoluiu febril com piora clínica. Outros laboratórios: hiperferritinemia (42.384ng/mL), hipertrigliceridemia (465mg/dL) e hipofibrinogenemia (<60mg/dL). Biópsia da medula óssea com macrófagos hemofagocíticos. Diagnosticou-se síndrome de ativação macrofágica e iniciou metilprednisolona 1 grama/dia por 3 dias, porém, evoluiu com disfunção múltipla de órgãos e óbito no D10 de internação.

DISCUSSÃO: Linfohistiocitose hemofagocítica é desordem imunológica que quando predisposta por doença autoimune é denominada síndrome de ativação macrofágica. Fatores genéticos associados a infecções, neoplasias, medicações ou desordens autoimunes resultam na perda da homeostase imunológica. Assim, há hiperativação de macrófagos, liberação de citocinas, hemofagocitose e como consequência a disfunção múltipla de órgãos. O diagnóstico é desafiador devido às manifestações clínicas inespecíficas. Alterações hepáticas são frequentes e vão desde colestase até insuficiência hepática aguda. A suspeita deve acontecer nas lesões hepáticas agudas associadas à febre, bicitopenia ou organomegalia. Diagnostica-se com 5 de 9 critérios (Consórcio Americano para Histiocitose): febre ≥ 38,5ºC, esplenomegalia, bicitopenias (Hb <10, neutrófilos, <1.000, plaquetas <100.000), triglicérides >265 ou fibrinogênio <150, ferritina >500, presença de hemofagocitose em orgãos linfoides, atividade das células NK baixa ou ausente, CD25 solúvel > 2x o normal e CXCL9 elevado. A terapia se baseia no controle dos fatores precipitantes e imunossupressão. Se não tratada, a mortalidade é alta e a maioria dos pacientes recorre em 1 ano.

COMENTÁRIOS FINAIS: Linfohistiocitose hemofagocítica é doença rara e invariavelmente fatal sem tratamento. Diagnóstico é desafiador e deve ser lembrado na avaliação de hepatopatias agudas.

Área

Gastroenterologia - Fígado

Autores

CARLA MOURA FÉ ELIAS, DANIELLE ALMEIDA PINTO, LARISSA MORAES OLIVEIRA, CAMILA DE AZEVEDO SILVA COELHO, RENATA ZATTA SILVA, LUIZ OTÁVIO FARACO OLIVETO, LÍVIA GEOVANA FALCÃO VIEIRA CELESTINO, ANTONIO EDUARDO BENEDITO SILVA