XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

HEPATITE AUTOIMUNE CURSANDO COM AUTOANTICORPOS NEGATIVOS: RELATO DE CASO.

Resumo

Apresentação do caso: Paciente do sexo feminino, 65 anos, hígida, iniciou há 1 mês quadro de síndrome colestática caracterizada por icterícia, acolia fecal e colúria, sem outros sintomas associados. Durante a anamnese foi visto que a paciente não fazia uso de nenhuma medicação ou apresentava exposição à hepatotóxicos. Na internação, os exames laboratoriais evidenciavam hiperbilirrubinemia às custas de bilirrubina direta, chegando a apresentar bilirrubina total em torno de 24. Apresentava aumento de enzimas canaliculares e transaminases hepáticas, sendo a alanina aminotransferase (ALT) 9 vezes o limite superior da normalidade, Gama GT cerca de 10 vezes o limite superior e fosfatase alcalina 1,5 vezes. As sorologias para hepatites virais foram negativas, assim como, os marcadores de autoimunidade como FAN, anti-muscúlo liso, anti LKM-1 e P-anca foram todos não reagentes. Os exames de imagem não evidenciaram alterações que justificasse o quadro. O escore para hepatite autoimune somava 17 pontos antes do tratamento. Durante a investigação foi procedido biópsia hepática, a qual evidenciou achados histológicos compatíveis com hepatite autoimune. Em seguida, foi iniciado corticoterapia e azatioprina e a paciente evoluiu com melhora clínica e laboratorial progressiva e completa.
Discussão: A hepatite autoimune é uma doença crônica de etiologia desconhecida. Na prática clínica é considerada um verdadeiro desafio e o diagnóstico deve ser feito a partir da combinação de achados clínicos, laboratoriais e histológicos. Uma parte destes pacientes pode apresentar autoanticorpos negativos e outra grande parte pode apresentar alteração nos ductos biliares no momento do diagnóstico, justificando assim a apresentação da síndrome colestática. O tratamento é feito de forma convencional com uso do corticoide e/ou azatioprina e quando não tratada apresenta baixas taxas de sobrevida.
Conclusão: Na maioria dos casos, a hepatite autoimune é considerada como diagnóstico de exclusão e quando se trata de uma paciente com apresentação atípica por ter os marcadores convencionais negativos, isso dificulta ainda mais a elucidação do quadro. Neste caso, ressaltamos a importância de prosseguir com a biópsia hepática durante a investigação dos casos suspeitos e o início da terapia precoce, a fim de minimizar quadros graves e fatais.

Área

Gastroenterologia - Fígado

Autores

MARIA DO CARMO BENTO PIRES, AUZELIVIA PASTORA REGO MEDEIROS FALCÃO, MARIANNA SANTOS TINOCO DA COSTA BRITTO, CANDICE ALVES ESMERALDO LEITE