Dados do Trabalho
Título
Drenagem de via biliar com prótese metálica por Adenocarcinoma de Cabeça de Pâncreas: uma abordagem passo a passo
Resumo
Homem, 47 anos, evoluiu há 5 meses com quadro de síndrome colestática, perda ponderal significativa. Procurou atendimento médico em pronto-socorro de hospital terciário, onde foi internado para investigação diagnóstica. Realizou exame tomográfico que identificou: lesão expansiva em topografia de cabeça de pâncreas com sinais de invasão vascular, dilatação importante das vias biliares intra e extra-hepáticas e múltiplas lesões hipoatenuantes em parênquima hepático sugestivas de lesões secundárias. Indicado então procedimento de biópsia hepática percutânea das lesões, o qual resultou no achado de infiltração por adenocarcinoma com sítio primário provável o pâncreas, perfil imuno-histoquímico indicando alto nível de proliferação celular. Realizou então colangiopancreatografia retrógrada (CPRE) para investigação e drenagem terapêutica da via biliar. Foi realizada papilotomia, seguida de colangiografia que identificou área de estenose subtotal por provável compressão extrínseca em colédoco intra-pancreático, sendo optado pela passagem de prótese plástica de 8,5 Fr. O paciente evoluiu com melhorada dos padrões clinico-laboratoriais e recebeu alta com programação de terapia sistêmica junto a oncologia clínica. 2 meses após a internação, evoluiu com quadro de colangite. Realizou nova CPRE na ocasião que diagnosticou obstrução da prótese biliar, sendo então trocada por outra semelhante. Em discussão multidisciplinar, equipe cirúrgica decidiu solicitar avaliação de um serviço de endoscopia especializado. O caso então foi trazido a equipe do Hospital das Clínicas, que indicou a passagem de prótese biliar metálica, visto evidências atuais de maior patência e bem indicada em casos de obstrução biliar maligna sem proposta de tratamento cirúrgico. O procedimento foi realizado seguindo os seguintes passos:
1. Cateterização da via biliar principal com papilótomo e fio guia;
2. Colangiografia evidenciando estenose subtotal da porção intra-pancreátiva do coledóco;
3. Retirada do papilótomo e manutenção do fio guia intra-hepático;
4. Passagem transpapilar de prótese metálica de 10 mm de diâmetro x 6 cm de comprimento;
5. Disparo da prótese e checagem da funcionalidade, aspirando-se o contraste.
O paciente evoluiu sem intercorrências após o exame, recebendo alta hospitalar após 24h de observação. Atualmente, encontra-se em seguimento com equipe de oncologia, realizando quimioterapia paliativa. Não apresentou sintomas colestáticos ou necessidade de internação hospitalar desde então.
Área
Endoscopia - Colangiopancreatografia endoscópica retrógrada
Autores
Matheus Oliveira Veras, Renato Baracat, Marcelo Magno Freitas Sousa, João Remí Freitas Junior, Rômulo Sérgio Araújo Gomes, Felipe Giacomo Nunes, Davi Lucena Landim, Eduardo Guimarães Hourneaux Moura