Dados do Trabalho
Título
Hepatite medicamentosa por uso crônico de dipirona: relato de caso
Resumo
Apresentação do Caso:
Paciente do sexo femino, 61 anos, com histórico de bursite de ombro direito e tendinite de punho direito desde 2012. Para controle álgico, fazia uso diário de, aproximadamente, sete comprimidos de composto contendo orfenadrina, dipirona e cafeína anidra e quatro comprimidos de outro composto contendo dipirona, prometazina e adifenina. Na ausência de tais medicamentos, fazia uso outros compostos contendo dipirona ou anti-inflamatórios não esteróides (AINEs). Em dezembro de 2021, iniciou quadro súbito de colestase, com evolução por 01 semana, quando procurou atendimento médico em seu município de origem no interior do Rio Grande do Norte e foi transferida para um hospital terciário em Natal-RN, onde permaneceu por sete dias. Durante a internação, devido a sinais de insuficiência hepática, a paciente foi encaminhada aos cuidados do serviço de transplante hepático em Recife-PE. No entanto, a paciente evoluiu com melhora progressiva do quadro, apenas com a retirada dos AINEs e analgésicos, sem necessidade do transplante. Após descartar outras etiologias mais comuns para hepatite fulminante, foi levantada a hipótese de hepatite medicamentosa induzida por analgésicos, tendo sido a dipirona a suspeita, nesse caso.
Discussão:
A dipirona consiste em uma droga com ações anti-píreticas, analgésicas e anti-inflamatórias. É uma medicação de uso bastante difundido entre a população e relativamente segura quando utilizada dentro de sua janela terapêutica, por isso, seus efeitos adversos graves são raros. Contudo, a dipirona é sim capaz de causar lesões hepáticas com padrão predominantemente hepatocelular, principalmente em doses acima da recomendada. A injúria hepática induzida pela dipirona pode evoluir rapidamente para a insuficiência hepática aguda.
Comentários Finais:
Por ser uma medicação amplamente utilizada, é necessário que a comunidade médica e a população tenham consciência dos potenciais riscos que o uso abusivo da dipirona pode ocasionar. Além disso, difundir esse conhecimento é fundamental para reduzir os alarmantes índices de automedicação na população. Por isso, é essencial reconhecer a lesão hepática como um possível efeito adverso do uso crônico da dipirona.
Área
Gastroenterologia - Fígado
Autores
Isadora de Albuquerque Falcão Feitosa, Emerson Kennedy Ribeiro de Andrade Filho, Auzelivia Pastora Rego Medeiros