XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Coledocolitíase levando à formação de fístula biliar espontânea

Resumo

Homem, 56 anos, deu entrada com relato de dor intensa em hipocôndrio direito há 2 dias, negando outras queixas. Histórico de gastrectomia parcial a Billroth II devido a úlcera péptica há 25 anos e colecistectomia há 5 anos. Apresentava-se estável, em bom estado geral e ictérico; abdome doloroso à palpação e sinal de Murphy negativo. Os laboratoriais exibiram aumento de bilirrubina 5,5mg/dL (direta 4,2mg/dL), aumento das enzimas hepáticas (TGP 375 U/L; TGO 396 U/L) e canaliculares (GGT 371 U/L; FA 433 U/L) e leucocitose com desvio à esquerda (14,05 10³/uL). O ultrassom mostrou sinais ecográficos de aerobilia. Realizada a colangiorressonância para melhor estudo, que apontou falhas de enchimento no interior do ducto hepatocolédoco e de vias biliares intra-hepáticas, podendo estarem relacionadas a aerobilia ou a cálculos, sem dilatação. Durante a internação, o paciente evoluiu com melhora da icterícia e dos exames laboratoriais. A CPRE foi realizada utilizando um gastroscópio convencional, sendo visualizado um orifício adjacente à papila duodenal com saída de secreção biliar. Realizada a cateterização deste orifício, progressão do fio-guia e injeção de contraste, evidenciando as vias biliares e confirmando a existência de fístula coledocoduodenal. Foi visualizada, ainda, pequena dilatação das vias biliares com presença de uma falha de enchimento, sugestiva de cálculo. Realizada a varredura com balão extrator sem saída do cálculo. Não foi realizada a passagem de prótese de via biliar devido a evidência endoscópica de drenagem biliar espontânea (através da fístula) em paciente anictérico.
Este caso mostra um paciente com coledocolitíase primária que evoluiu com a formação de uma fístula coledocoduodenal distal tipo 1, levando à resolução espontânea da colangite durante a internação. A fístula coledocoduodenal é condição incomum, responsável por 5-25% de todas as fístulas biliares internas, com apresentação clínica variável (assintomática, dor em quadrante superior direito, febre, icterícia e aerobilia). É classificada conforme a localização proximal ou distal. A fístula distal é classificada por Ikeda em Tipo 1, que se apresenta na prega longitudinal próxima a papila, e Tipo 2, na parede posterior do bulbo duodenal. As principais causas são litíase biliar, úlceras e tumores. O tratamento varia conforme a condição clínica do paciente, podendo ser realizada fistulotomia, esfincterotomia e extração dos cálculos por CPRE, tratamento cirúrgico ou conservador.

Área

Endoscopia - Colangiopancreatografia endoscópica retrógrada

Autores

Inaiá Lukachak da Mata, Priscila Gonçalves Pereira, Luiz Augusto de Oliveira Fonseca, Paulo Haruo Yano Junior